sábado, 11 de dezembro de 2021

 

MEU NATAL DO FUTURO

                                                  Murilo Moreira Veras






Meu Natal do Futuro há de ser diferente.

Não tem festa, não tem alarde,

não tem riqueza, ostentação:

será o sol despertando a aurora

do sono letárgico da Escura Noite.

Meu Natal do Futuro transcende

a vida medíocre,

transforma a afasia geral

em suprema unção

– a Natalidade criadora.

Meu Natal do Futuro é

a sublimação não do tempo,

mas    da  Vida    é seu revigorante,

espelho a transluzir a polifonia

do existir,

o Natal há de ser

o amanhã, mais do que hoje,

fermento da melhoria do homem

– sal da Terra e do Universo.

Meu Natal do Futuro é o amanhã do mundo,

 abre-se em leque de inconsútil esperança

  amorosa magnitude 

do Menino-Eternidade,

infinitude cósmica,

imanência transcendental

                 que sacramenta a transcendência imanente.

Verbo que se fez Carne,

e se fez Menino, o Infante que renovará o Mundo.

O Natal do Futuro é isto:

      um Novo Mundo,

um Novo Ser Humano –  a Verdade reabilitada,

sarça ardente queimando o coração dos homens.

Meu Natal do Futuro é o prenúncio da Esperança:

ilumina os caminhos da Vida,

o futuro do Mundo, sob doce olhar

do Menino, que se fez Homem, que se fez Mártir

e redimiu o mundo da perdição.

Quem  viver,  verá

 Viveremos?

                                          Bsb, 2.12.21 

– cdletras@gmail.com

 

 

 

 

 

Choro das 3 - Choros Imortais - Quintas Ao Vivo

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021


 

 

 

               A NOVA CAVERNA DE PLATÃO

 

 

Reflexão das mais significativas tem nos trazido o texto contido em João 11 das Escrituras. Trata-se da narrativa do Apóstolo João, cuja simbologia tem sentido escatológico. O Apóstolo narra o episódio em que o Mestre sabe da morte de Lázaro, a quem  estimava,  por suas irmãs Marte e Maria. Jesus havia se retirado de Betânia e dirigia-se para outro lugar da Judeia, mas, diante da notícia retorna. Lá chegando, as irmãs o advertem de que Lázaro jazia há quatro dias. Mesmo assim, ele vai ao local do jazigo, manda remover a pedra que o fecha e chama em voz forte: “Lázaro, vem para fora!”  Então, Lázaro, que estivera morto quatro dias, sai vivo do sepulcro.

Observemos a dinâmica do milagre, transportemos a epifania do fato extraordinário para os dias que vivemos no País — essa famigerada pandemia que continua  assolando  o mundo e ora nos ataca, já há dois anos. Resultado: estivemos todos em quarentena, observando ordens superiores. Não teria sido espécie de caverna como aquela alegoria de Platão? Presos e até mesmo apavorados, todo esse tempo encontramo-nos sepultos em nossos jazigos residenciais. Do mundo exterior só vislumbrávamos as sombras. O Big Brother da toda poderosa OMS nos emboscou em nossas cavernas individuais, expulsou-nos da realidade cotidiana da qual só lobrigamos as sombras. Nesse período — e ainda até hoje — de certo modo, ficamos impedidos de sair, viver a realidade, separados dos amigos e, quem sabe do mundo. Durante esse tempo, fizeram-nos prisioneiros das sombras, como prisioneiros de uma rediviva caverna de Platão.

Mas o Mestre — que é o Mestre da Vida nos está chamando: Venham, pessoas de pouca fé, venham para fora. Não foi isto que Ele fez com Lázaro?

Na realidade, não passamos de sombras, a realidade da vida nos é e está sendo simplesmente furtada por um vírus, misterioso, invisível. Realiza-se a profecia maligna de O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, o Grande Irmão já nos comanda o que fazer e o que não fazer.

E nossos dias, a beleza da vida, a realidade que nos ressuscita das sombras, nos   tem sido transformada em dias vividos numa espécie de Terra Devastada, as ruas ficaram desertas, o povo acuado, amedrontado em suas celas. Disso já nos havia advertido no começo do século XX o grande profeta dos Quatro Quartetos — T.S. Eliot.

Ora, observem-se que, queiramos ou não, sejamos nós teístas ou céticos, pervaguemos ou não pelos duvidosos caminhos do futuro, pesam ainda sobre nós, humanos, as advertências bíblicas sobre a hecatombe do apocalipse. Quem viver, verá. E a nós, peregrinos existenciais o que nos resta senão orar e vigiar.

Talvez tudo isso seja mais uma das alegorias que nos vem sugerindo o fim dos tempos: o chamado para que saiamos de nossas cavernas pessoais e obedeçamos a voz do Mestre que nos adverte: “Humanos de pouca fé, venham para a fora, enquanto há Luz!”

Senão, nosso destino é nos esconder nas cavernas do ceticismo espiritual, inócuo, que nos proibe de ver a Luz.

CDL/Bsb, 6.12.21

 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

   

                   
     

   

                           





                            O REINO DE DEUS E A

                      NOVA ORDEM MUNDIAL

 





                  Nos dias atuais tem aflorado na Igreja Católica, sobremodo entre os religiosos que aderiram à chamada Teoria da Libertação, a ideia de que o Mestre Jesus Cristo, quando se refere ao Novo Reino, estaria pondo em prática espécie de comunitarismo social. Em outras palavras e para o bom entender, nada mais conotativo do que promover, de forma simulada, o socialismo, também agora escondido em alegorias como solidarismo, ecumenismo e outros ismos. O que, a nosso ver, pouco ou nada tem do verdadeiro cristianismo descrito nos Evangelhos e tampouco com os ensinamentos do Mestre da Galileia.

                            Jesus Cristo, personificado nas Escrituras e evocado em todas as profecias do Velho Testamento, quando veio à Terra em sua missão salvífica, não o fez como um agitador social, tampouco um vingador do passado e do futuro, que viesse abalar as estruturas de nenhum governo ou nação — no caso a Judeia ou o Império Romano sob o regime férreo dos Césares. Jesus não foi um Barrabás, que o povo ignaro salvou da crucifixão. Jesus era um apologeta, de origem divina, que cumpria a missão de resgatar a humanidade pelo sangue, nascido de uma virgem, segundo as profecias.

                        Perguntar-se-á: então o que é esse Reino de Deus que os libertacionistas católicos tanto se apegam, introduzem-no na doutrina e apregoam a quatro ventos a inadvertidos adeptos como espécie de paraíso terrestre? Ao que nos consta esse paraíso é preconizado pelo marxismo, segundo as teses enganosas de seus fundadores Marx e Lenine. Não o paraíso, mas o igualitarismo que une as pessoas a ferro e fogo sob o cutelo de um Estado dominador.

                           Quem nos dá a resposta é o próprio Evangelho, a epístolas aos Romanos de Paulo de Tarso: “O Reino de Deus não é comida e bebida, mas é justiça e paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14,17). E o Catecismo da Igreja Católica complementa: “Os últimos tempos que estamos vivendo, são os tempos da efusão do Espírito Santo. Trava-se, por conseguinte, um combate decisivo entre “a carne e o Espírito”

                          Não há controversa: o Reino de Deus é uma apologia à transcendência, é um estado de espírito, mas do que uma estrutura política, uma organização terrena. É um chamado, como se referia sempre o Mestre, à conversão, o apelo de seu precursor João Batista. Certa seita, imprevidente, acredita numa tal Jerusalém celeste a ser implantada na Terra, no fim dos tempos, distorcendo o sentido da escatologia.

                       Não é difícil concluir que toda a trupe esquerdista, submissa à lavagem cerebral gramscianas, se aproveitou da ingenuidade dos seguidores da Teoria da Libertação, para sub-repticiamente  introduzir aos incautos essa ideia de que o Novo Reino seria a Nova Ordem Mundial, e seus similares eufêmicos Nova Ordem Mundial, ecumenismo, Mãe Terra, Gaia e outros apodos, os quais não seriam utopias, mas verdadeiras distopias.

 

CDL/BSB,22.10.21

 

  

 

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

 

 

                CARTA ABERTA AO CENTRO DE ARTES E MÚSICA

                                              ITA E ALAOR

 

Ao Centro de Artes e Música Ita e Alaor

Pirenópolis – Go

 

Saúdo esse templo de arte, cultura e música, abrigo onde se guarda a vida histórico-cultural de Pirenópolis, a decantada cidadela dos Pireneus brasileiros.

Convidado, tive o  prazer de participar da recente FEIRA DE LIVROS — PIREFLIP 21,  singular evento para uma cidade interiorana, não obstante o encantamento de que se reveste esse logradouro.

A simplicidade do evento, em meio a um período de crucial pandemia, não lhe roubou o charme, que remanesceu simplório, mas de significativo encanto. Sucederam-se as performances, especialmente as dedicadas à criançada, com seções de estudo e brincadeiras. E durante os dias 23 e 24, os autores de literatura infantil se sucederam com seus cartazes, a brindarem o público com suas recentes criações literárias.

Apenas nos causou espécie,  a ausência na programação das entidades culturais mais veneráveis e representativas da música, letra e arte, para coroar o evento na sua plenitude. Como o fazem as demais feiras livrescas e culturais a ocorrerem no País. Notadamente a música, ao que se sabe característica fundamental desse recanto, herdada ainda da pequena Meia-Ponte e seus fundadores.

Outra ausência, que acredito poderia ter dado peso ao evento, foi a da Academia Pirenopolense de Letras e Música, APLAM, legado cultural à cidade, graças ao esforço e o olhar visionário de uma plêiade de escritores, professores e intelectuais de Brasília, que a fundaram. Dentre esses abnegados destacaram-se Arnaldo Sette, Victor Tannure, José Carlos Gentili, Murilo Moreira Veras (este que vos escreve) e Mauro Castro — o primeiro deles seu fundador-mor, que sempre dedicou à cidade acolhida excepcional dentre suas tarefas, ele responsável, sim, pelo êxito do projeto, infelizmente já falecido.

Outro aspecto  que acreditamos de interesse não só da cidade, foro turístico, nacional e quiçá internacional, mas sobretudo de apelo fundamental à nossa cultura, foi a fundação da Editora Devenir, que tivemos a oportunidade de apresentar no estande destinado a Autores Independentes (ver folder específico), cujo objetivo é auxiliar quanto ao melhor reconhecimento de nossas raízes históricas, artísticas e literárias. Com nossa Editora Devenir, pretendemos  contribuir, na medida do possível, com as instituições educativas do País, fortalecê-las em qualidade, para que revigorem  suas raízes originais e, assim, venham a promover resultados mais brilhantes e eficientes em termos humanísticos.

Quanto a isso, já temos programação específica (ver folder), inclusive com livros já editados — caso do LIMITE, uma compilação de contos.

Parabenizo os encarregados da realização do evento, que esperamos se reproduza no tempo — é mais um exemplo de que nossa cultura ainda está viva, apesar das correntes contrárias que a querem vilipendiada.

Recorde-se e tenha-se como lema o verso simbólico de Luís de Camões em seu inolvidável Os Lusíadas:

“Cessa tudo enquanto a musa canta,

 Que um brado mais alto se alevanta.”

 

             Murilo Moreira Veras

                     Escritor

 

N.B. – Segue anexo poema dedicado à cidade, escrito por ocasião do evento.

 


 
 



 

                       ODE  A  PIRENÓPOLIS

                           

                                                Murilo Moreira Veras

 

Pirenópolis — terra das pedras,

Construída de pedras de sonhos,

Meia Ponte — ou a Ponte da meia esperança.

Teus folguedos escondem-se em teus cinzeis de pedras.

Os Bandeirantes terão eles visto tuas pedras cintilantes

e marcaram o teu destino encantatório?

Ali, tua história escreve o passado

traçando o caminho do futuro

— ágora de turismo entrante.

Tu és feita de pedras e sobre estas pedras

há de fluir deslumbres de sonhos

— painéis revisitados à busca de aventuras.

Cidadela cercada de pedras, 

as pedras motivo de teu raro encanto.

Sob teus pés, auríferos, jorram águas cristalinas.

Trilhas de aventuras sustentam os amantes

de ignotas montanhas.

É a antiga Meia-Ponte que se reescreve reluzindo

à ardência do Sol

— roteiro das águas, alegóricas brenhas

que alimentam velhos e jovens emoções.

 

Tu — cidade das pedras

o poeta agora de saúda,

brincando de sonhar

 

                         com as pedras

                         encantadas

                         dos Anjos.

 

                                           Pirenópolis, 24.09.21

 

 

 CDL/bsb, 27.09.21