domingo, 10 de julho de 2022

 

INFINITO NUMA SÓ DIREÇÃO : DEUS

 


 

A título de blague, dá-nos à telha,   comentar alguns aspectos do livro Infinito em Todas as Direções, de Freeman Dyson (1923-2020). O autor é físico teórico, professor emérito do Institute  of Advanced Studies  em Princeton, Estados Unidos.

Blague, em sentido de curiosidade, não temos a audácia de competir à altura com o Sr. Dyson, mestre renovado em física, autor de vários livros sobre sua especialidade, inclusive já falecido. Faço-o da mesma forma como comento outros cientistas e antropólogos, Richard Dawkins, Marcelo Gleiser e por referência Charles Darwin e sua famosa teoria evolucionista.

Os cientistas como é crível por suas próprias formações técnicas comprazem em teorizar sobre a ciência em si, como fosse ela totalmente absoluta, à luz do racionalismo puro, portanto, uma visão materialista.

A nosso ver, não seria totalmente o caso de Freeman Dyson,  espécie de cientista apenas agnóstico, de vez que, neste livro inclusive, ele se contradiz em algumas de suas afirmações. Abordamos alguns aspectos de sua obra e apontamos algumas incongruências, o que não tira o mérito de sua visão.

Senão observemos o capítulo 5, do livro, a questão Por que a vida é tão complicada. Neste capítulo, Dyson parece se redimir do cientificismo de suas teorias sobre o universo. Computemos apenas alguns tópicos:

(a)   ele não acredita na síntese pré-biótica;

(b)  a vida proveio de processos de reprodução ou replicação, isto é,        aleatoriamente;

(c)  três são as teorias de reprodução: de Oparin, Ergin e Carns-Smith, ele prefere a primeira, as demais complicadas.

Ele afirma que a primeira ainda tem o mérito de ser a única aceita pelo criacionismo bíblico — o que dá a entender que ele não rejeita de todo a Criação.

Computemos algumas ideias de Dyson a respeito da origem da vida. Ele vem estudando um modelo teórico simples. Neste seu modelo vida e morte são simétricos, isto é, são eventos comuns. Para ele, a vida provém de sistemas homeostáticos altamente complexos, entendamos ou não suas razões. Por não ser um modelo rígido, é possível haver erros — para o que ele cita o poeta William Blake: “... um erro a ser descoberto faz parte dos desígnio de Deus.”

O autor analisa também algumas ideias do etólogo e biólogo evolucionista, autor do controverso O Genes Egoísta, Richard Dawkins. Como é sabido, Dawkins é um anticriacionista irascível. São dele as ideias do tal genes egoísta e de sua continuação, o chamado meme. Gene egoísta seria, segundo sua teoria, aquele elemento que entra na criação e tiranicamente vence todos os outros por ser melhor, o mais apto, justamente de acordo com a teoria evolucionista da espécie de Darwin. O meme seria o análogo cultural do genes, ou seja, responsável pelo padrão de comportamento replicável por transferência cultural de indivíduo a indivíduo, substituindo a herança biológica. Exemplos: crenças religiosas, expressões idiomáticas, modas na arte e nas ciências, comidas, roupas e etc. — portanto, tão egoísta quanto o genes.

Por sua vez, Dyson, embora concorde em princípio com esse modelo ególatra de Dawkins, segundo este no princípio simplificado, discorda dele por achar um modelo muito complexo. Segundo ele, a vida homeostática baseia-se em estruturas moleculares complexas.  Com essa diferença, Dyson, de certo modo, é contra a teoria darwiniana.

Eis alguns pontos que o fazem discordar de Darwin. A vida é uma rede complexa cujos replicadores são apenas componentes. O processo de evolução biológica não é puro, contém imperfeições. A primeira célula viva contém no mínimo 25% de lixo. Assim, em vez de replicação — homeostase; de uniformidade celular, flexibilidade; por fim, em vez da genes egoísta, na precisão das partes, prevalece  a tolerância do erro.

Na conclusão, o modelo de Dyson torna-se mais criativo, prevendo aleatoriedade para as estruturas, ao contrário do modelo evolutivo de Dawkins e Darwin que prevê a competição violenta das mônadas replicadoras.

No frigir dos ovos, o que concluímos é que os cientistas têm a mesma mentalidade. Demonstram-se seguros, autocratas em seus teoremas e soluções matemáticas que consideram definitivas, embora vez por outra cometam furos em seus raciocínios. É o caso de nosso Freeman Dyson neste seu livro, que, por sinal, apreciamos muito, seu estudo é interessante, o autor um insigne mestre em física teórica. Mas quando se trata de querer interferir naquilo que desconhece, o resultado é uma lástima. Ele discorda da teoria do genes egoísta e também de Darwin, mas,  não quebra o ardor materialista dos cientificismo, tergiversa dizendo-se agnóstico. O que é estranhável nele, como físico teórico, cientista das estrelas, é que  tenta agradar os criacionistas, citando o apóstolo Paulo, em sua carta Coríntio 12-4. A citação não favorece o autor em sua argumentação científica de que a origem humana decorre de curiosa e extraordinária complexidade, mas sem que haja um criador definido.

Neste texto, apoiado nas palavras do Mestre, Paulo é definitivo, ao explicitar que  “ 4. Há diversidade de dons, mas um só espírito”. Isto quer dizer que as tais estruturas complexas que deram origem a toda a homeostática científica sobre a criação, segundo Darwin e de seus seguidores Dawkins e Dyson, na realidade não passam de estruturas simples, provindas da magnitude do Criador, como bem declara o apóstolo. Já para o relativismo dos cientistas essas estruturas se transformam num verdadeiro enigma, repleta de fórmulas, firulas e malabarismo matemático.

                                       

CDL/BSB, 10.07.22

quinta-feira, 7 de julho de 2022

 

A IGREJA CATÓLICA E O MUNDO

 


 

 

Recentemente, a meu pedido, Pe. Edelberto Borges de Sá — meu confidente espiritual de há muito tempo — enviou-me seu comentário sobre o tema à epígrafe.

 

Padre João Mohana, dentre os seus inúmeros livros, escreveu um tendo por tema Eu e o Mundo. Aproveito o gancho e vou expor ao amigo o que penso sobre a atuação da Igreja no Mundo, como me solicitou.

A Igreja vem sofrendo espécie de desgaste, do ponto de vista teológico, em relação à modernidade de nosso tempo. O livro do Pe. Mohana, hoje, seria objeto até de gracejo, quando defrontado às anormalidades, às modificações sofridas pela mentalidade atual, em face da espiritualidade exigível aos católicos.

Assim é que, enquanto o mundo avança em termos de tecnologia, de forma extraordinária,  a Igreja parece não ter ou não poder acompanhar a esquizofrenia da modernidade.

E argumentamos nós: e seria esse o papel da Igreja — fomentar e abraçar a modernidade com todo o seu dinamismo criador? Ou ao contrário, como guardiã da fé cristã, aquela que lhe foi transmitida pelos Apóstolos e recebida ao vivo por Jesus Cristo — seu dever não será o de conservá-la, depositária fiel dos ensinamentos do Mestre?

Penso que não constitui função específica de nossa Igreja acompanhar, pelo menos pari-passu, toda tecnologia concebida pela ciência, também aceitar todos os desmandos praticados pelo ser humano para acompanhar os avanços.

Em sendo assim, é o que certa parcela da Igreja vem agindo, a ponto de ousar confrontar-se até com a teologia católica. É o que uma plêiade de bispos franceses o faz, enviando ao Vaticano um extenso relato postulando modificações na Igreja, dentre as quais, os padres se casarem, mulheres serem presbíteras, novas formas litúrgicas na Missa, inclusive mais barulhos às cerimônias, como não bastassem as já em prática.

E o que dizer dos chamados sínodos agora em voga adotado pelo Vaticano, via Papa Francisco? Primeiro o Sínodo da Amazônia, a nosso ver uma excrecência litúrgica, seguindo-se outros, como o recentemente anunciado por clérigos alemães. Ora, esses denominados caminhos sinodais não passam de heresias disfarçadas — foi desse modo e arte que o protestantismo dividiu a fé católica, criando uma nova igreja.

Em face desses desvios, muitos bispos e padres têm se rebelado a tais manobras, supostamente teológicas, um destes o Cardeal Sarah que chegou a afirmar: “Os inimigos da Igreja estão dentro dela. Bem a propósito declarou o Papa Bento XVI, hoje simples benemérito, profetizando tais revezes já no seu mandato — ...” a Igreja vai ressuscitar como um pequeno rebanho”.

Tem sido divulgado entre os articulistas do Vaticano que cerca de 30% do clero católico discorda do Papa Francisco, dentre os quais se encontram os cardeais Robert Sarah, Carlos Maria Viganò, Gerhard Müller (Congregação para a Doutrina da Fé) e Joseph Zen (Hong Kong).

 

De nossa parte, com a devida vênia, assinalo que o atual Papa Francisco vem adotando medidas extravagantes na Igreja, basta examinarmos as anomalias descritas na sua encíclica Amoris Laeticia e tutti quantis, a cargo das falas, escritos e atitudes a que Vossa Reverendíssima tem se dado fazer, ao longo de seu mandato.

É de meu dever esclarecer, como sacerdote, que quaisquer mudanças no exercício da teologia católica, desde seus primórdios, inclusive custodiado pelos maiores e eminentes doutores da Igreja — Santo Agostinho, São Tomas de Aquino e tantos outros que contribuíram para sua consolidação no mundo — ter-se-ão como heresia.

Não obstante, como clérigo sujeito ao chefe da Igreja, não posso nas minhas sugestões, ir mais além da sandália e ser mais realista do que o rei. Julgar só a Deus pertence fazê-lo, através de sua Suprema Sabedoria.”

 

Eis para nosso conhecimento o teor completo do Padre. 

CDL/Bsb, 8.07.22

 

 

 

 

 

 

   

terça-feira, 5 de julho de 2022

 

A CULTURA E O HOMESCHOOL NO BRASIL

 


 

 

 

Temos a impressão de que nosso País sofre de uma doença que acreditamos ser espécie de afasia cultural aguda. Acontece que essa doença não consta do manual de medicina, em especial nos alfarrábios estatísticos da rede Globo ou nas pesquisas de opinião, que viralizam na mídia.

Ora, pois, se a um País falta o peso da cultura, também há de lhe faltar educação. Impossível em qualquer organização humana florescerem as sementes de cultura, se não se lhe fornece o adubo necessário — esse adubo chama-se educação. Já dizia o visionário Monteiro Lobatouma nação se faz com homens e livros.

E nossa educação vai muito mal, em pleno século 21. Rezam as estatísticas de desenvolvimento que somos a 8ª economia do mundo, inobstante, segundo a verve de um amigo jornalista — somos quase um conglomerado de analfabetos. O que significa uma barbaridade, em termos de  apreensão de sabedoria.

Enquanto isso a OCDE – Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico da ONU assinala que a educação brasileira ocupa a péssima  60ª posição no concerto mundial das nações, isto é, dentre as 76 outras. Entretanto, ocupa a 5ª posição em ensino privado. Sim, mas ocorre que 76,86% das escolas públicas brasileiras são públicas!

E o que se fez até agora para eliminar esse espécie de vergonha estrutural? Nosso governo tem se esforçado para apagar ou pelo menos diminuir esse descalabro. Ocorre que o defeito é estrutural e sua manutenção eivada de erros à forra dos desgovernos anteriores, o acúmulo de medidas ideologicamente atrasadas, a dizer o mínimo, para não dizer o máximo nesse terreno.

Dir-se-á, à revelia. Mas o Brasil é o País do futuro. Temos uma das maiores extensões territoriais do planeta, riquezas represadas inimagináveis ainda inexploradas, rios perenes e gigantescos vivificam nossas terras. E mais recentemente, o que tem sido o orgulho de nossa economia, um das mais fantásticas atuações pelo incremento do agronegócio.

Homens de negócios, mas onde as cabeças de sabedoria? Onde os cultores da inteligência, as ferramentas perfeitas para nossa sustentação intelectual perante o mundo? Não nos digam que Paulo Freire contribuiu para essa hegemonia cultural, apesar de ter sido laureado o benfeitor da educação tupiniquim — o que é absolutamente ridículo.

Uma das grandes figuras de projeção cultural no Brasil foi D. Pedro II, último imperador, desgraçadamente expulso do País pelos construtores da República.

Em contrapartida, temos que nos conformar com um Machado de Assis, por sinal, que se ombreia, em literatura, aos grandes eruditos da espécie no mundo — embora nunca tenha saído do Brasil, nem laureado com o Nobel.

Mas, no horizonte de todo esse vexame, eis que nos acode um lume de esperança. Acredito seja o sistema Homeschool que já viraliza por todo o mundo. E de muito bom grado visualizamos esse novo sistema de ensino, inclusive já permitido pelo sistema do MEC, a grande oportunidade de  garantirmos que nossa infância e juventude ousem alcançar  maior grau em conhecimento e sabedoria e não fique essa mocidade rastejando  em planos de estudo medíocres, a aceitar conteúdos recheados de ideologia malsãs, de que está recheado nosso sistema educacional  vigente, desde os jardins de infância até nossas faculdades.

CDL/Bsb, 6.07.22