segunda-feira, 29 de junho de 2015


LAUDATO SI – A ENCÍCLICA

ECOLOGICA DE FRANCISCO

 


 

Louvado Seja, Meu Senhor – esse o título da encíclica publicada em 26.05.15 pelo Papa Francisco, em Roma. O título é extraído de um cântico de São Francisco de Assis: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos e com flores coloridas e verduras” (Cantico delle creature: Fonti Francisco, 263).

Contém o documento pontifício 246 tópicos e todos o seu conteúdo é demonstrado ou fundamentado em 172 fontes bibliográficas, o que pressupõe a garantia dos conceitos ali expostos.

O próprio Papa admoesta ser uma “longa reflexão jubilosa e ao mesmo tempo dramática”. Percebe-se logo que, com sabedoria e grande pertinácia, o Pontífice se desvia do proceder dos chamados “ecoxiitas”, quando querem impor ao mundo e às nações certos conceitos e ações, às vezes temerários de que se julgam portadores de forma absoluta.

Podemos dizer que a encíclica se apoia em dois principais pressupostos:

(a)  uma reflexão jubilosa

(b) uma propositura dramática de ações

 

Sob a égide reflexiva, a encíclica faz uma exortação maravilhosa sobre a natureza e a Criação de Deus, tendo por paradigma a luminosa figura de São Francisco de Assis. Aliás, sabemos que o santo inspirou o  título do Papa ao exercer seu vaticanato.

À guisa de proêmio, a encíclica premune-se de exortações e elegias antes de fazer as advertências e as orientações que considera imprescindíveis à guarda e proteção do meio ambiente. Depois, na sua segunda etapa, é um conjunto de medidas e ações concretas a serem observadas por toda a Igreja, extensiva também às pessoas de boa vontade, independente da religião que professam.

Não se trata, evidentemente, de um documento qualquer, mas uma mensagem de alto teor teologal indutor de salutares e virtuosas ideias, de cunho propedêutico, de grande alcance e repercussão na sociedade, inclusive a laica.

Assim, apoiado nesses dois pressupostos, um elegíaco e outro admoestativo – sem perder o horizonte da melhor doutrina católica – o Pontífice afastou-se estrategicamente das ações de caráter ecoxiita, espécie de terrorismo ecológico disfarçado.

 

Isso não implica que o Supremo Pontífice deixe de condenar os atentados praticados à natureza e, inclusive,  se mobilize a recomendar a adoção, pela sociedade e pelos organismos pertinentes, medidas políticas eficazes e de alcance duradouros, ações que, em conjunto com  os movimentos éticos e ecológicos, envolvendo a sociedade humana, obtenham êxito na luta contra a degradação ambiental.

As diretrizes do novo documento papal não considera, como foco crucial da questão, as ostensivas pretensões dos ecoxiitas, mas prefere fazer um diagnóstico da situação, pedindo o apoio de toda sociedade, para que, num esforço coordenado, procurem encontrar as melhores soluções possíveis.

E nesse sentido, não tem receio de apontar também como coadjuvante na degradação ambiental, o próprio ser humano, na medida em que se torna individualista ou, o que é pior, se omite no enfrentamento do problema, inclusive quando endossa campanhas meramente evasivas, com resultados ineficazes.

Sem deixar de demonstrar o lado perverso da problemática sobre o qual tanto demonizam os que defendem a bandeira ecológica radical, o Papa Francisco apela para o bom senso dos seres humanos, propondo como modelo e conduta admiráveis, seu patrono no Vaticano – São Francisco de Assis.

Destarte, a encíclica, Laudato Si, além do mérito educativo e religioso que está implícito em seu modus operandi, novo júbilo se desprende de seus 247 tópicos – um hino de louvor à Criação, à sapiência do Criador – enquanto alimenta a esperança, sob a mais lídima fé, de que os seres humanos se solidarizem como guardiões da natureza e adotem novos estilos de vida. E que façam de seus dias um continuado ato de louvor a Deus, em sua múltipla transcendência.

CDL/Bsb, 29.06.15   

 

domingo, 7 de junho de 2015


FILOSOFIA       DE       PRÁXIS :

DESCONSTRUÇÃO E BARBÁRIE

 

Atentem bem para o que vamos dizer nestas linhas: o comunismo, ou seus venenosos epítetos, socialismo, marxismo, materialismo dialético, tudo isso não morreu, continua de pé. Os menos avisados, inocentes úteis, dizem  que não, o comunismo acabou com o desmoronamento do muro de Berlim, o esfacelamento da União Soviética. Menos verdade: o comunismo está mais vivo do que nunca, não aquela velha e surrada ideologia de Karl Marx, aquela coisa de ditadura do proletariado, da teoria da mais-valia e o comunismo trocado pelo nirvana, que ensejaria o paraíso do materialismo na terra, a liberdade total, a anarquia absoluta. O comunismo, hoje, transfigurou-se, mudou de nome, tem outro disfarce, e, ao contrário do que muita gente ainda pensa, reaparece mais agressivo, mais atualizado,  mais demoníaco e perverso do que nunca.

Querem saber por que? Porque nos tempos atuais, depois de um período de  incubação e aprendizagem, eis que o marxismo reacende, qual Fênix, desta vez redivivo das cinzas de nossa alheamento, não para proletarizar a Rússia, mas com pretensões muito mais ousadas, ou seja, em escala pior: destruir nossa civilização. Em outras palavras: corromper o ser humano, a mente humana, o coração do homem. E o faz como um ladrão perigoso invadindo nossas casas, a corromper a principal célula social – a família.

E sabem como isso acontece? Simples, através dessa teoria tão insidiosa quanto irresponsável chamada “teoria do gênero”, ou melhor, “ideologia do gênero”.

Não satisfeitos em terem corrompido a economia com conceitos espúrias, os atuais noveis comunistas, que ora se intitulam sócio-democratas, reformadores sociais, infiltrados em todos os países, eles partem agora para outro tipo de abordagem, pregando abertamente a anarquia social. É o que significa essa mais nova ação deles que se chama “teoria de gênero”, que nada tem de teoria, pois desprovida de fundamento científico. Trata-se de uma ideologia, altamente perniciosa, com a qual pretendem – e o vem conseguindo de soslaio – arruinar a família. Destruída a família biológica, não há mais que falar em pai, mãe e filho, está tudo unificado numa classe, o gênero humano, independente do sexo biológico, portanto, desaparece a diferença entre os sexos, homem, mulher e criança é a mesma coisa. A cultura, os costumes e as convenções sociais é que impõem o sexo que as pessoas têm ou devem ter. A natureza, a biologia, tudo não passa de discriminação social e política, criada pela mente humana para escravizar as pessoas, tirar-lhes a liberdade, impor-lhes conceitos, roubando-lhes o direito de fazer o que bem entendam, como, por exemplo, se tornar mulher, se for homem ou se tornar homem, se for mulher.

Afinal, em que consiste essa tal “teoria de gênero”. Em primeiro lugar, ao invés de teoria que implicaria fundamentos científicos, trata-se de uma estratégia que tem por objetivo igualar o ser humano, independente do sexo biológico e contrapor-se à homofobia, de modo a desconstruir os estereótipos do gênero. A diferença de sexo é apenas uma convenção, imposta pela sociedade, que nem sempre corresponde à inclinação volitiva do titular sexual – esta deve apoiar-se na livre escolha dele ou dela, todas as relações entre eles são possíveis, dependendo da vontade de cada um.

Essa concepção, como se pode ver, é consequência direta da ideologia marxista que prega a luta de classe dominante na sociedade. A distinção baseada no sexo biológico é uma mera convenção e para os marxistas e seus heterônimos, portanto, os que pensarem diferente são inquinados, por eles, de reacionários, conservadores, direitistas, encontram-se na contramão da história e dos avanços da tecnologia, neurociência e da moderna psicologia. O ser humano é totalmente livre e senhor de seu corpo, responsável por tudo que faz e pratica neste mundo.

Ora, ninguém é imbecil que não percebe que, sob o disfarce de uma suposta teoria científica, trata-se de um estragema mais ou menos engenhoso, para destruir a família, célula mater da sociedade, cujas consequências são devastadoras, pois implica na mais absurda das inversões a que a humanidade já se submeteu – a subversão biológica do sexo.

Em contrapartida, uma vez adotada essa inovação, logo hão se permitir, por afinidade, outras perversões ou desvios psíquicos, como homossexualismo, lesbianismo, pedofilia, sodomia, práticas nada bem vistas na sociedade, até por questão profilática, uma vez que essa mistura heterogênea é lesiva do ponto de visto médico. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os desvios de identidade de gênero  são uma patologia mental. Portanto, mudar de sexo significa sintoma de distúrbio profundo, do ponto de vista médico.

Em artigo na Comissão Episcopal Laica, Federico Cenci declarou: “A teoria de gênero leva à barbária.”

Tal imputação faz sentido. Principalmente quando constatamos que essa prática está sendo implantada nas escolas públicas francesas, alegando o ministro da Educação, Luc Chatel, que a introdução da medida nas escolas objetiva, diz ele,  desconstruir os estereótipos do gênero.

Essa suposta “teoria”  nada tem de científica, não passa de mais uma estratégia para destruir os construtos morais, éticos e sociais, pilares de nossa civilização. Pois agora esses pilares – dentre os quais o núcleo familiar – estão sendo seriamente ameaçados de desaparecer. Aliás, a ameaça sintetiza bem o pensamento de Antonio Gramsci, aquele militante comunista italiano que, mesmo preso pelo governo fascista, escrevia cartas instruindo o partido como tomar conta do poder. Todas as modernas ações desenvolvidas pelo marxismo de hoje têm inspiração direta ou indireta nas ideias de Gramsci, considerado o maior gênio comunista, depois de Marx. Segundo esse suposto “gênio”,  o comunismo deve se instaurar nas sociedades, não mais pela força, mas, sim, utilizando meio menos agressivo, embora extremamente mais eficaz e também nocivo, que ele designou como “filosofia de práxis” – que de filosofia não tem nada, pois trata-se de um instrumento com objetivo de estabelecer nas sociedades, diz ele,  uma “cultura nova, criticando os costumes, os sentimentos e as ideologias expressas na história da literatura.”  E aduz ele: “A sociedade capitalista é imoral, enquanto a comunista é moral e plenamente humana e social.”

É possível que o capitalismo, na medida de suas práticas selvagens, seja realmente amoral, isso é inegável. Mas, um regime que impõe regras lesivas à moral, aos costumes da sociedade, legitimados por milênios de exercício, não há negar que é muito mais imoral – haja vista esse perjuro que os marxistas ou proto-maxistas querem nos impor, um verdadeiro insulto à civilização: o casamento entre iguais, dando acolhida a outras anomalias, como a troca de sexos, o homossexualismo, transformismos, lesbianismo, sodomia e afins.

Há propriedade, pois, nas palavras de Federico Cenci de que essa “teoria de gênero”, tão alardeada pelos esquerdistas, aqui e espalhados pelo mundo afora –  é um retorno, sim, à barbárie.

E para se ter ideia de como essa inovação vem atingindo as raias da insensatez – no Congresso Nacional tramita recente projeto-de-lei defendido pelos deputados Maria do Rosário e Jean Willes, propondo legalizar – pasmemo-nos todos – nada menos que o casamento entre humano e animal!

É o suprassumo da estupidez, que faria estremecer de vergonha Erasmo de Rotterdam com seu “Elogio à Loucura”.

CDL/Bsb. 8.06.15

 

quinta-feira, 28 de maio de 2015


SODOMA E GOMORRA NA MÍDIA

   A JUSTIÇA   UMA    ILUSÃO?

 


 

Todos os dias, melhor, a todo instante, somos bombardeados com uma enxurrada de notícias através da mídia, escrita ou falada, a título de nos manter informados sobre tudo o que se passa no mundo. Não só no mundo, na nossa terra, na nossa cidade, na nossa rua. Nada escapa ao furor da mídia, que não nos dá sossego, nos entope de notícias, a maioria delas fatos horríveis.

O mundo, nosso mundo, nosso País, nossa cidade, nosso bairro – nada escapa à TV de esquadrinhar e depois nos empanturrar de fatos e fotos que nos revelam desastres, cenas de crime, roubos, assaltos.

Convenhamos este não é absolutamente o mundo com que sonhamos. São tão absurdas as cenas e tão nefandos os fatos, que somos obrigados a reconhecer que este velho novo mundo retrocedeu à degradação suprema. Dir-se-á que Sodoma e Gomorra se despregam das vetustas páginas da Bíblia, para compartilhar conosco a podridão em que se tornou nosso espaço vital, ante a degradação e a imoralidade crescentes nos atos e costumes praticados em nossas sociedades.

Será que atingimos, enfim, o Amargedon apocalíptico? Os seres humanos  assumem seus últimos estertores da razão, em estado de absoluta apoplexia material, mental e espiritual – endoideceram de vez?

Bandidos, criminosos, estupradores, ladrões, estelionatários, inclusive políticos violentos e os vilões de colarinho branco – é incrível, mas essa chusma de delinquentes, em maior ou menor escala, já não se contenta em apenas extorquir as vítimas, roubar, desfalcar os cofres públicos, vilipendiar. Pois agora a moda dos atuais  facínoras é, mesmo que não haja reação alguma, matar a vítima, e com o cúmulo de crueldade, à faca, como faziam antigamente os trogloditas a tacape. Pois é o que vem acontecendo em várias regiões do Rio de Janeiro, um caso recente ocorrido na Lagoa Rodrigo de Freitas, cartão-postal da cidade, em que um ciclista, na realidade médico cardiologista, foi covardemente assassinado à faca, para roubarem sua bicicleta. E pasmem: os autores são adolescentes, um deles já com uma folha corrida considerável de crimes, recidivo em várias atuações.

Há pouco tivemos notícia – também alardeada pela TV e por manchetes de jornais – de um crime dos mais aterradores: em Brasília, a esposa de um oficial militar, em conluio com a irmã,  mandou sequestrar o marido, e matá-lo em seguida com a própria arma dele. Motivo: a mulher ficar com a pensão do marido e com seu seguro de vida. Que mundo é este em que vivemos?

É a pergunta que não cansamos de fazer, a pairar no ar, sem que haja explicação plausível.

No exterior as ocorrências não são nada edificantes. Temos o desprazer de ver os terroristas do Estado Islâmico – o famigerado ISA – explodirem bomba em supermercados e templos, sem contar que já vimos esses sanguinários meliantes degolarem vítimas ao vivo em frente da TV e incendiarem inimigos. Agora sabemos que a falange criminosa acaba de tomar a cidade iraquiana de Palmira, patrimônio cultural da UNESCO. Não tardará e a TV nos mostrará esses famélicos assassinos destruírem templos e raridades artísticas e culturais nesse importante sítio arqueológico.

No Brasil, o estrago não fica por menos. A violência, em todos os sentidos, já ultrapassa o limite do suportável. Jornais, revistas e TVs encharcados de notícias de roubo, assassínios, explosão de caixas eletrônicos, greves de presidiários, violência policial. Infelizmente, convivemos com esse estado de coisa, intolerável e desumano.

Quanto à justiça, como dar-lhe o crédito merecido se seus intérpretes conspurcam seus cargos, alguns igualando-se aos criminosos que julgam? É o triste caso daquele juiz que mantinha sob sua guarda bens do ricaço Elke Batista, processado por maquinações financeiras e um belo dia de domingo eis que é flagrado dirigindo um cupê luxuosíssimo do suspeito. Um juiz – tenha santa paciência, isto é manchar a toga que veste! A justiça fica desmoralizada.

Se o delinquente é menor, nada lhe acontece, pois é defendido pelo Estatuto do Menor, está acima de qualquer suspeição. E resultado: haja roubo, delinquência e até assassinatos praticados por menores, que, assim, ficam impunes.

Fala-se muito na ressocialização dos presidiários. Ora, todos sabemos que, pelo menos no Brasil, as cadeias se tornaram escolas do crime, o delinquente que de lá sai, vai praticar a mesma coisa e com mais periculosidade. É um círculo vicioso de alimentação contínua do crime.

Há algum tempo, em entrevista à Veja, certo administrador de presídio na Inglaterra, com trinta anos de função, declarou que dificilmente o criminoso se reabilita. É quase ressuscitar a teoria, de certo modo, execrável, de Lombroso.

E agora o que fazer? Orar, sim, pedir aos céus, que restituam o tirocínio perdido dos seres humanos – não deixa de ser uma opção humanística do ponto de visto teológico. Mas não podemos ficar de mãos cruzadas. É preciso que levantemos barreira ao crime, ao mal e não nos deixarmos conspurcar por atavios ideológicos. É preciso que aprendamos, mesmo aos solavancos, a construir uma sociedade mais consciente, mais preparada, com pessoas mais imbuídas de fé, seja religiosa ou não – mas que se mantenham como cidadãos convictos, ciosos de que poderão construir um mundo melhor, no qual o ser humano se solidarize com suas potencialidades e  atenda, com racionalidade, as exigências do amanhã.

CDL/BSB, 29..05.15

sexta-feira, 22 de maio de 2015


             OS  QUE  NÃO  BEBEM  COMO  CÃES

 


Viceja em certos meios agnósticos e até circula entre  pessoas que se dizem gnósticas, a ideia ou concepção, um tanto quanto extravagante, de que as religiões no futuro terão desaparecido.  Aduzem que, para substituir o vazio deixado, uma única seita nossos pósteros haverão de aderir: o culto absoluta  à personalidade – cujo desvio pressupõe uma outra crença, esta inventada, de caráter inconsútil, que se diz espiritualista por  cultuar o além-túmulo.

O ser humano sob tal perspectiva se apartaria da realidade, coadunando-se com uma espécie de imanência transcendental, decorrendo dai o exercício de um materialismo disfarçado, com a idolatria ao morto, o mito do retorno à vida e outras excentricidades, que não contribuem absolutamente com nosso caminhar nesta vida. Conquanto haja outras correntes de pensamento que  se contrapõem a essa visão fantamasgórica, a verdade é que as duas, espiritualistas e materialistas, se afinam, uma ajudando a outra – tudo para reforçar o fim das religiões, cada qual fazendo cobro à sua tese. Em outras palavras, exterminar com a crença num Criador, como mantenedor do mundo por ele criado, trocando o que dizem ser um mito, por outro mito, o de que o ser homem, e só ele, é responsável por seu destino no mundo.

Ora, se se apegam a concepções de vivência em além-túmulo, fazendo com que o ser humano reviva mediante processos reencarnatórios, tais ideias só fazem estimular o ideal materialista de que, cada qual é responsável por seu destino, vivo ou morto. Dai serem prata da mesma moeda, farinha do mesmo saco, ideológico e contrário, portanto, à lídima doutrina filosófica dos Evangelhos.

O fim das religiões, como apregoam esses asseclas da desrazão, tem certa semelhança com o pensamento desvairado de Nietzsche, ao preconizar que “Deus estaria morto”,  de cuja afirmação é corolário o pensamento do economista americano de origem asiática, Francis Fukuyama, que, em 1985, declarou o fim da História.

Não há negar que tais assertivas, citadas assim levianamente, não têm crédito, são de fulgurância fugaz e falaz. Traduzem visão opaca e prevaricam quanto às verdades reveladas pela doutrina do Mestre do “Sermão da Montanha”. Observe-se com que maestria já nos ensinava no passado o sábio francês Michel de Montaigne(1533-1592): “O homem que não é nada, procura com sua fraqueza e incapacidade sondar os mistério de Deus, mas, ali,  nada ele encontra a que se apegar.”

O cristianismo – “A Religião do Homem”, como explicitou o filósofo paulista Mario Ferreira dos Santos – jamais há de desaparecer, porque se enraíza em verdades eternas. É tão forte, tão arraigada na consciência humana a centelha da religião, que nenhuma tempestade ideológica haverá de fazê-la, desaparecer, não só do mundo, como videira existencial, mas do próprio cérebro humano, em cujo lóbulo central se acha localizado, fato, inclusive, já provado cientificamente.

O que seria o mundo se não fosse a religião, uma vez que constitui o elo de ligação com a Divindade?

Como os seres teriam alcançado o progresso, inclusive o tecnológico, se tais atos não hajam encontrado a ressonância necessária advinda do espírito empreendedor, embebidos na força do personalismo e da compaixão, ambos originários do cristianismo, que proporcionou ao ser humano a dignidade capaz de, valorizando sua intuição, evoluir moral, social e economicamente? O contrário seria o ser humano retroceder ao caos.

Não há negar: sem religião o mundo retornaria à barbárie e a vida não passaria de uma trajetória sem sentido, vazia de eternidade.
CDL/Bsb, 23.05.15

 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

FAÇA-SE JUSTIÇA, MAS A JUSTIÇA PODE  NÃO  SER FEITA

 


 

Constitui  a Suprema Corte de Justiça, como em qualquer país, a egrégia instituição de onde promanam as sentenças definitivas em termos jurídicos – portanto se erige guardiã inconteste das respectivas Magnas Cartas.

Para alcançar tão soberana função, a ela Corte devem se integrar apenas personalidades altamente qualificadas e que possuam inestimável cabedal da ciência jurídica, à altura da responsabilidade que a superior toga lhe confere.

Semelhante primado honorífero deve prevalecer a toda nação que tenha por fundamento  a plenitude democrática e cujas leis defendam os magnos conceitos de justiça, equidade e soberania.

Nações há – e os Estados Unidos são  o melhor exemplo – que as sessões da Suprema Corte – Supreme Court of the United States – cuja realização das assembleias se revestem de significa solenidade, a ponto de o Marshal, seu Conselheiro Geral, abrir a sessão com o seguinte exórdio ejaculatóro:

 

“Escutai, escutai, escutai todos que mantêm algum pleito

com essa honorável Suprema Corte dos Estados Unidos,

pedimos que se aproximem e prestem atenção, pois iniciam-se os

trabalhos desta Corte e que Deus abençoe os Estados Unidos

e sua honorável Corte de Justiça”.

 

A Suprema Corte de nosso País – o Supremo Tribunal Federal – ao invés do solene pregão, recorre à TV, levando publicamente a realização das sessões, a título de torná-las democráticas, quando na verdade parece mais um circo de conotação demagógica.

O que se espera, enfim, de uma Suprema Corte, solene ou demagógica, é o fato de ela se constituir o superior conciliábulo  e a última instância jurídica de um País, instituído como nação independente. Entre nós, é o Supremo Tribunal de Justiça, o STJ.

Historicamente, decorreu de proclamação por D.Pedro I da 1ª Constituição brasileira,em 1822, promulgada dois anos depois, cujo artigo 163 fazia criar um Tribunal sob a denominação de Supremo Tribunal de Justiça, rebatizado como Supremo Tribunal Federal através do Decreto nº 510, de 22.06.1890.

Sob sua égide, desde então ilustres figuras do mundo jurídico têm honrado a missão, citando-se, dentre outros, Nelson Hungria, penalista célebre, Orozimbo Nonato, civilista renomado, Hahnemann Guimarães e Aliomar Baleeiro, renomados ambos.

Ocorre que, nos dias atuais, os meios políticos brasileiros encontram-se em efervescência certas ideias esdrúxulas, muitas delas contrárias ao direito e ao espírito democrático. Pois é neste cenário que a Presidência da República acaba de indicar nome de jurista, sobredito como de grande competência, para preencher vaga no Supremo Tribunal Federal.

As informações que correm sobre o candidato – inclusive segundo artigo publicado na revista Veja – é que ele nutre ideias nada democráticas, ou melhor, suas pretensões ferem não só nossa Constituição, mas a própria ciência do direito, se considerarmos que seu fim é a prática da justiça, da equidade e o equilíbrio da sociedade pela solução dos conflitos gerados. Ora, esse senhor apregoa abertamente considerar o direito de propriedade “antiprogressista”, assim como defende a desapropriação de propriedades produtivas para fins de reforma agrária, portanto, a favor das ações delituosas do MST. E não ficam ai suas maquinações intelectuais: considera normal a poligamia e diz até hoje exercitar-se com base no “materialismo dialético” – o que não deixa de ser um absurdo com o desmoronamento do comunismo russo por ter sido comprovada a ineficiência de sua aplicação como regime socioeconômico.

Torna-se inconcebível, pois, que, para exercer tão elevadas funções, seja escolhido e participe de uma entidade como o Supremo Tribunal Federal, pessoa com tais qualificações, não só do ponto de vista intelectual, mas como julgador, que se imite, pelo encargo em si, defensor e guardião da Constituição, ao lado de seus pares naquele Órgão.

Oxalá nossos representantes no Senado Federal honrem seus mandatos e respeitem o povo brasileiros, que os elegeram, não só sabatinando o candidato com o máximo rigor, mas,por fim, embargar seu ingresso no STF, pela inaceitabilidade de suas pretensões – ao largo e muito dos princípios pétrios do direito e de nosso regime constitucionalista.

Com o fato consumado não é só a Constituição que se fragilizará, mas o povo brasileiro que, assim, dará mais um passo para se tornar refém de um regime totalitarista, antidemocrático e anticristão, por excelência.

CDL/BSB, 11.05.15   

 

 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

               CIÊNCIA E TÉCNICA : NOVAS RELIGIÕES?

 
 
 
 
Dentre os livros que Mario Ferreira dos Santos, filósofo e erudito professor paulista escreveu um deles tem o  expressivo  título “Cristianismo a Religião do Homem”. Pois bem, um contingente atual de cientistas, físicos, astrônomos, biólogos, naturalistas, psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, pretendem criar, se já não criaram, uma nova religião, aliás, novas religiões. E o que é  pior, esses indomáveis defensores de um suposto livre pensamento se arvoram “donos da verdade” de forma tão virulenta que acabam  por assumir as mesmas ideias fundamentalistas que tanto dizem combater.

Em outras palavras, esses representantes magnos do cientificismo não medem palavras e esforços, para fazerem valer suas ideias, muitas delas até idiossincráticas, como o fez no século XIX Auguste Comte, ao designar o positivismo como a “Religião da Humanidade” e Clotilde de Vaux, escritora recém adepta a seu ideário, por quem inclusive se apaixonara,  Vestal da Humanidade”. E foi mais além, preconizou a construção de templos como os religiosos, os quais, por incrível que pareça, foram realmente construídos em muitos países do mundo, inclusive no Brasil, em Porto Alegre e São Paulo, com adeptos até hoje. Personagens ilustres participaram desse culto,  como Manuel Teixeira Mendes, Deodoro da Fonseca, Julio de Castilhos, Tobias Barreto, Clovis Bevilacqua e outros.

Ora, com fulcro ainda no iluminismo, o chamado cientificismo surge no século XIX, uma espécie postura que floresce no âmbito das ciências positivas e, dado seu aceite, logo alastra-se passando a influir como método nos estudos conduzidos pelas ciências sociais. Passa então, de simples método, para se erigir uma filosofia — o positivismo – com o objetivo de substituir as explicações filosóficas e teleológicas para explicar a realidade.

Auguste Comte na contramão do bom senso e da concretude filosófica, consagrou-a como religião, a Religião da Humanidade.

Claro que o positivismo compteano esclerosou-se, por si próprio, mas não há negar sua influência e o pragmatismo de suas ideias prevalecem até hoje. Supostos eruditos, cientistas e representantes midiáticos se arvoram a defender ideias e conceitos impregnados de cientificismo, muitos deles transformando tal ideário em tábuas da lei, com axiomas que mais parecem anátemas, sujeitando quem neles não acreditam em réprobos, verdadeiros marginais por não comungarem  dos quase sacrossantos preceitos cientificistas do conciliábulo da Razão Pura.

Então é de ver-se, em livros, revistas, entrevistas e programas ideias estapafúrdias de supostos defensores desse cientificismo a correrem o mundo, através de seus acólitos, como Richard Dawkins, Daniel Dennett, Neil deGrsse Tyson, Stephen Hawking, Luc Ferry, Comte-Sponville, Michel Onfray e Sam Harris, só para enumerar os mais furibundos desses redivivos sofistas da atualidade. Dentre eles, destacam-se, pela rebeldia de suas posturas, consubstanciando  verdadeiro estado de irresponsabilidade e contrassenso,  Onfray e Sam Harris – o primeiro francês, que se diz filósofo, assim como seu contraparte inglês, Harris. Onfray é autor de uma bestiologia chamada Manual do Ateismo e o outro declarou, alto e bom som essa licenciosidade absolutamente sem lógica: “Não acreditar em Deus é atalho para a felicidade.

E ainda tem gente que se admira de nosso mundo se achar em ebulição, com terrorismo em todos os sentidos, inclusive estes ideológicos, quem sabe os grandes motores do esvaziamento espiritual predominante na atualidade.

 CDL/BSB, 8.04.15

 

 

 

 

quarta-feira, 25 de março de 2015





          PÁTRIA  EDUCADADORA?

 
 
 
 

 

O lema apregoado pela Presidente, em seu segundo mandato, tem sido a “PÁTRIA EDUCADORA”. O que  fica absolutamente claro é a falta de coerência da nossa governante – ou governanta, para rimar com presidenta – quanto às evidências comprobatórias dessa afirmação.

Senão vejamos, para sermos mais didáticos, uma vez que ainda há inteligência nessa parte do planeta. Artigo recente, o jornal O Globo noticia fatos concretos de corte no orçamento do Ministério da Educação, segundo o matutino – que por sinal não faz oposição ao governo por motivos óbvios, não revelados – da ordem de R$5,6 bilhões para uma verba orçamentária destinada ao órgão em 2015 de R$37,8, ou seja, uma poda no seu contingente financeiro

de 15%.

As consequências do que o governo denomina de “contingenciamento”, naturalmente decorrente dos ajustes fiscais impostos pela Fazenda, são calamitosos. Eis – segundo o noticiário:

- na UNB, paralização das obras do campus de Planaltina, em construção;

- na UFRRJ (universidade rural) faltam recursos para o bom funcionamento do campus universitário;

-  a Ufal, em Maceió, Universidade Federal de Alagoas, sofrerá corte drástico de 1/3 de seu orçamento;

-  Targino de Araújo Filho, Presidente da ANFITES,  órgão que coordena as instituições federais de ensino, cobra “coerência do discurso das autoridades em que a educação brasileira é posta como prioridade.”

E o contingenciamento continua a fazer estragos. O MEC deixa de pagar 10% da verba deste ano, destinada ao Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD). E tem mais: o mesmo MEC cortou 64,6%, cerca de 7.109 bolsas, das 11.000 previstas para o presente ano do Programa “Jovens Talentos Para Ciência”, programa este que se destina a estudantes de graduação, visando a incentivar a iniciação científica.

Que “pátria educadora” é esta tão apregoada pelo Governo que, ao invés de valorizar e fomentar a educação, corta as verbas destinadas as atividades ligadas à educação? Pátria educadora ou deseducadora? Então tudo não passa de um blefe, para enganar os incautos? Cortam-se verbas à educação, mas aumentam-se vergonhosamente os numerários dos parlamentares?

Enquanto isso, os burocratas da corrupção assaltam as finanças das estatais, através de uma rede gigantesca de roubalheira, denegrindo não só a entidade atacada, mas a própria Pátria, a dignidade da Pátria, a imagem da Pátria. E ainda vêm com o descaramento de arrotar que somos uma Pátria Educadora. Ou Pátria Vilipendiada?

E lembrar que no século XIX, Machado de Assis, nosso maior expoente literário, preconizava, para gáudio  da literatura e engrandecimento de seus escritores, a criação, entre nós, da República das Letras”.
CDL/BSB, 25.03.15