POR QUE ME UFANO DO MEU PAÍS
O brasileiro é, antes de tudo, um reclamão. Reclama do sol,
da chuva, da noite, do dia, do governo, do desgoverno, da vida, do tempo, do
futuro e quejandos. Parodia-se e, de certo modo contradizemos o que escreveu Euclides da Cunha, em Os Sertões – O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.
Agora consideremos o
que nosso País acumula em termos de grandeza territorial, clima, riqueza
natural. O Brasil é uma espécie de
paraíso tropical. Tanto que na primeira carta ao rei de Portugal seu portavoz
Pero Vaz Caminha ao descrever as belezas da nova terra descoberta, declara: Em se plantando tudo dá.
Então, por que o
brasileiro reclama tanto? Enquanto isso, o que pensam os estrangeiros, como
eles, de longe, avaliam nosso País? É inacreditável o que os estrangeiros falam
e descrevem o Brasil. É só consultar o youtube onde esses estrangeiros de livre e espontânea vontade dizem. Certa
holandesa, que já nos visitou, anunciou uma lista das virtudes de nosso País,
em comparação com os defeitos, que ela mesma aponta, do seu próprio e de toda a
Europa. Saibam que na Holanda a telofonia é simplesmente horrível. Em toda
Europa, os açougueiros que tratam de carnes, sequer lavam as mãos para o
metier. É notória a falta de educação dos taxistas, na Europa, sobretudo os
franceses. Nos mercados, peixe é simplesmente embrulhado em folha de jornal. O
sistema eleitoral não tem resultado imediato, é confuso, atabalhoado, como
exemplo tem-se o da maior suposta democracia mundial, Estados Unidos. Pois a
holandesa faz elogios estrondosos do Brasil, terra de clima maravilhoso, o
melhor sistema de telefonia, pessoas amáveis, sobretudo solidárias, coisa
difícil de acontecer entre os europeus. E não é só a holandesa que fez
comentários elogiosos de nosso País. Também uma moça russa, que diz passar temporadas no Brasil, onde tem
muitos amigos, inclusive fala bem o português. Dentre as maravilhas que aponta,
ela se espanta com a idade provecta a que os brasileiros comumente alcançam, de
80, 90 anos. Ela afirma que sua progenitora que não tem 60 ainda, já se considera
velha — a senectude lá é vista como o fim da vida.
Outra circunstância
que faz o brasileiro desvalorizar seu próprio País. Esquecer sua história, seus representantes
ilustres, escritores notáveis, os grandes heróis da Pátria. Querem ver um nome,
hoje totalmente esquecido e que no início do século tornou-se destemido
defensor do Brasil e sua obra literária texto obrigatório nos currículos
ginasianos? Afonso Celso, autor de Por
que me ufano de meu País.
Às vezes, quando
Afonso Celso é citado é no sentido pejorativo.
E o motivo são as correntes culturais modernas, o desconstrutivismo gramsciano que tomou conta de nossa cultura, dominou
as Faculdades, desmantelou o cérebro das pessoas menos avisadas, até mesmo de
personalidades de vulto, proeminentes, professores, escritores, dotados de
cultura sapiencial.
Observe-se o que
publicou no Jornal do Brasil, em 10.09.20, a professora, teóloga formada na
PUC, Maria Clara Luchetti Bingemer,
autora do ensaio A Argila e o Espírito,
onde valoriza autores católicos como Adélia Prado, Murilo Mendes, Edith Stein, Simone
Weil e Cecícilia Meireles, espiritualista. Agumas coisas ditas pela teóloga são
incontestes, em relação ao que acontece
em nosso País, mas esse fato não justifica, a nosso ver, que a autora
alardoe que perdeu as esperanças no Brasil, segundo declarou: “...estou em situação de imensa dificuldade para
ufanar-me do meu país.”
Perdoe-nos a Dra.
Berginger, mas nosso País não merece que jamais desconfiemos de suas qualidades
intrínsecas, o País como um todo, com seus representantes ilustres, nossa
historiografia, os progressos já alcançados, sua maravilhosa riqueza natural.
Mesmo tendo sofrido crises imensas, muitas delas decorrentes da má gestão dos
governantes, sobretudo as recentes sob a tutela do petismo, responsável pela
expropriação, roubo e espoliação de que o País foi vítima, a ponto de a levá-lo
quase à banca rota — mesmo assim não
temos o direito de difamar nossa Pátria, mesmo com meias palavras.
É lamentável que
pessoas estrangeiras se antecipem a
certos brasileiros e analisem nosso País com senso de equilíbrio e visão mais
virtuosa do que certos compatriotas nossos
que se comprazem em desmerecê-lo, erigir críticas negativas, ignorando suas verdadeiras qualidades como
Nação e Povo.
Quanto a mim, jamais
deixarei de me ufanar do meu País, torrão onde nasceu minha raiz, familiar,
humanística, cultural, a cujo berço devo minha consciência de cidadão
responsável, amante da verdade, da justiça e jamais descrente na magnitude do
Criador.
CDL/Bsb, 22.02.21