terça-feira, 27 de setembro de 2022


 


O  MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEIS

 

                                    Murilo Moreira Veras

 

 

Em livro elogiado pela grande crítica filosófico-literária, Voltaire (1694-1778), filósofo humanista francês, escreveu o livro Cândido para satirizar o grande erudito alemão, Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Foi ele quem cunhou a expressão “o melhor de todos os  mundos possíveis”, nosso habitat desde priscas eras.

Voltaire não poupou crítica ao criar personagens praticamente imbecilizados, como Cândido, discípulo fiel do também idiotizado Panglos, travestido de Leibniz.

Na verdade, Voltaire era espécie de sábio tipo cricri que satanizava fosse quem fosse, para envaidecer seu ego crítico e se vingar da doença que o martirizava.

Se algumas ideias se demonstraram suscetíveis de crítica e imperfeições filosóficas, nem por isso deixar-se-á de reconhecer o legado sapiencial deixado pelo grande polímata que foi Leibniz, através de sua vasta obra. E parte desse extraordinário legado reflete-se na ideia, decorrente de seus profundos estudos de hermenêutica religiosa e científica sobre  qual nosso papel como criatura vivente no mundo criado, mantido e sustentado pelo seu Criador.

Nesse pequeno relato, propomos expor algumas observações de Leibniz sobre dois temas notáveis e que muito se refere ao tempo em que atravessamos neste nosso velho novo mundo.

Primeiro seria sobre o livreto, editado pela ABDR, com selo da Vozes Editora, de Petrópolis,  Discurso de Metafísica” no qual Leibniz, através de proposições sincréticas, analisa o relacionamento do Criador com sua criatura, diretrizes gerais e metafisicas de como esse enlace criador e criatura se desdobra, pontos e minudencias que se entrechocam visando esclarecer e justificar os supostos comportamentos dos envolvidos nesta espécie de conflito ético, estético e religioso entre os entes envolvidos.

Ao todo são XXXVII proposições nas quais Leibniz, com maestria, deslinda os problemas gerados entre Deus e suas criaturas, recorrendo inclusive aos ensinamentos da Patrística e da escolástica, sem deixar de recorrer a  seus estudos de hermenêutica científica e matemática, para esclarecer os pontos de discórdia e incompreensão. São verdadeiras aulas de filosofia, metafísica e religião.

Sem nos atrever a discutir o mérito do Discurso de Leibniz, pelo seu intrincado fundamento em Metafísica, é inegável a validade dos argumentos ali expostos pelo mestre criador das simbólicas mônadas. Se erros ou desacertos os há, o bom senso e a equalização de seus pensamentos com o Evangelho e a simbólica há de os compensar.

Outra ideia de Leibniz viralizada até hoje é a de que vivemos no Melhor de todos os mundos possíveis — objeto da irrisão literária de Voltaire na sua novela Cândido. A ridicularização feita por ele muitos cientistas e filósofos a acompanham. Alegam inclusive que Deus poderia ter criado o mundo mais perfeito, o nosso é ao contrário imperfeito, os antirreligiosos ainda a alegarem que se o mundo é o melhor dos mundos possíveis, porque existe o mal — e outros quejandos gerados pelo cientificismo e os agnósticos inveterados.

É-nos claro que a assertiva filosófico-religiosa de Leibniz, o gênio precoce de Hanover, tem sua falha. Por exemplo, ele declarava que só existia o nosso mundo como o melhor dos mundos possíveis, ora se é o mais possíveis dos possíveis, então há evidentemente outros mundos possíveis. Mas muitas de suas assertivas são, no mínimo inteligentes e agradáveis como explicações filosóficas, caso  das mônadas — para ele substâncias simples dotadas de tendência e percepção, portanto, conscientes, capazes de ter desejos originais sobre o mundo.

 

Em outras palavras não nos parece de todo despropositada a sentença de Leibniz — despropositada  é a  infeliz ironia voltairiana em o Cândido. Nosso mundo, situado nos confins galácticos, talvez seja o mundo possível, o melhor e mais possíveis de todos os outros possíveis, porque criado por Deus, que o criou para exaltar sua glória e fazer da sua criatura a melhor das criaturas, capaz de glorificá-Lo, dentre todas as possíveis criaturas que talvez enxameiem o universo transcendente.  

                                                         Bsb. 28.09.22

 

 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022



 

A  PASSÁRGADA DA LOUCURA

 

 


 

Reza o ditado popular que “de médico e de louco todo mundo tem um pouco”. Ao observar os dias atuais, sobretudo no lapso que antecede as eleições no Brasil, não é difícil reconhecer que as coisas não andam bem, no que se refere ao comportamento das pessoas. Tem-nos causado espécie, também,  a atuação dos meios de comunicação de massa, claro que por detrás desses órgãos midiáticos atuam pessoas que fazem funcionar a engrenagem da comunicação.

Não precisa muita observação para se aquilatar tratar-se de anomalia geral, atingindo pessoas e narrativas de fatos, não em nosso País, mas extensivo ao mundo todo. Será uma loucura generalizada — espécie de manifestação de loucura de todo gênero?

Então os seres humanos enlouqueceram?

Michel Foucault (1926-84), aquele filósofo francês de ideias estapafúrdias tem um livro sobre a história da loucura — mas nos escusamos de discuti-lo, devido sua irreverência a fugir de nossa linha de pensamento.

Preferimos nos imbuir das ideias de outros pensadores, na tentativa de elucidar essa onda indescritível que vem assolando esse nosso velho novo mundo. Não o mundo em si, o ente circunstancial e imanente no qual vivemos, mas as pessoas, seus comportamentos, suas ações, sua interferência na engrenagem social, os pensamento em si a sofrerem de esquizofrenia coletiva.

E se tudo não passar de um grande e hiperbólico plano geral que se insinua insidiosamente nas sociedades, a disseminar o desequilíbrio mental das pessoas?

Há alguns anos dizia-se que o sobredito engodo  resultaria da interferência da contracultura, que teria influenciado o mundo, com seu ideário extravagante que teria formatado o chamado modernismo.

Mas, como dizia certo lente do passado — consultemos os alfarrábios.

Erasmo de Roterdam (1469-1536), filósofo e humanista famoso, em 1511 escreveu o “Elogio da Loucura” no qual satiriza a sociedade de então, os reinados, as sociedades e a Igreja, por seus supostos desvios clericalistas. Em sua sátira, a loucura era uma deusa, a que reis e cortezões prestavam culto. Eis excerto seu:

 

“Não esperais de mim nem definição nem diversão de retórica. Aqui não caberia tal coisa. Definir-me seria impor limites que a minha força desconhece. Dividir-me seria distinguir os diferentes cultos que me prestam, e eu sou adorada igualmente em toda a Terra.”

 

É de ver-se que esse reino da deusa Loucura prevalece até nossos dias, vige e se alimenta em diversas camadas da sociedade, e pior, encontra-se sorrateiramente moldada nos preceitos jurídicos, seu sentido desnorteado.

Outro renovado filósofo — René Descartes  fez referência a esse reino da loucura, nos seguintes termos:

 

“Como poderei negar que estas mãos e este corpo são meus, a menos que me compare com alguns insumos cujo cérebro é  tão perturbado e ofuscado pelos negros vapores da bílis, que eles asseguram constante, quando na verdade são muitos pobres que estão vestidos de ouro púrpura, quando estão completamente nus, que imaginam serem bilhas ou ter um corpo de vidro.” (apud Foucault – 1972, 45).

 

Passemos para outro patamar do saber, a literatura.

Escritor brasileiro, um dos maiores vultos de expressão literária no País, segundo nossa historiografia, foi Machado de Assis (1839-1908). Dentre sua extensa produção, há a novela, muito comentada, “O Alienista”. Cotejemos  um excerto:

“Era a vez do terapeuta, Simão Bacamarte, ativo e sagaz em descobrir enfermos. Excedeu-se ainda em diligência e penetração com que precipitou tratá-los. Neste ponto todos os cronistas estão de pleno acordo: o ilustre alienista faz curas famosas que excitaram a viva admiração em Itaguai.

 

Nosso Código Civil, artigos 3º, Livro I, Título I, estabelece a incapacidade absoluta para as pessoas absolutamente incapazes de exercerem seus direitos na sociedade, enquanto nos itens II e III qualifica  os deficientes mentais incapazes de responderem por seus atos, total (II) ou transitoriamente (III).

Mas, quando se trata de loucos extraordinários que se arvoram acima dos parâmetros legais, por razões falaciosas, magistrados, legisladores, oficiais judiciários, que se consideram imunes às leis — como detê-los?

 

 

 

De minha parte, prefiro parodiar o que disse o poeta:

 

Vou me embora pra Passárgada,

Lá sou amigo de Manuel Bandeira,

Lá em terei o sonho mais louco que escolherei.

 

               CDL/Br20.09.22

 

 

P.S – Texto inspirado no comentário de José Carlos Gentili, escritor e jornalista, Presidente Perpétuo da ACLEB

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

 


7 DE SETEMBRO 2022 — DUZENTOS

       ANOS DE PATRIOTISMO

 

 

 

Não se trata de uma simples patriotada como designou a ala ideológica da esquerda, através de seus representantes.

A manifestação de 7 de setembro último demonstra de maneira inequívoca que somos um povo patriota. Prezamos sobretudo e sobre todos  nossa dignidade patriótica — e, a mil vozes,  o demonstramos  contra aqueles que se arvoram defender a democracia, quando, na realidade, o fazem para  suprimir as liberdades dos cidadãos.

A mega demonstração deste 7 de setembro não assume  espécie de grande comício eleitoral pró-Presidente da República, como  designa os menos avisados. Vai muito além — significou a afirmação inconteste de que o povo brasileiro exorta, mais uma vez, seu patriotismo.

Essa monumental aglomeração de pessoas, em todos os recantos do País, não se manifestou  apenas para eleger um candidato à presidência da República. O brasileiro, o povo brasileiro neste memorável 7 de Setembro proclamou de forma inconteste que não somos uma simples algaravia populacional inútil — ao contrário, somos um povo que ama sua liberdade,  que exulta os seus direitos de forma pacífica, mas inconteste, sob os mais lídimos signos  da autêntica Democracia.

Esse oceano de manifestantes, neste memorável dia, anseia a favor dos valores cristãos, implícitos nos desígnios democráticos, encravados  em nossa historiografia, remanescentes em nossas origens, um povo solidário que prima pela ética, a estética sob a égide da sabedoria crística  e a harmonia social.

O que queremos — sob os arroubos do verdadeiro humanismo — é dignificar nossos mais lídimos valores, à conta dos vultos históricos que enriquecem nossa história.

Neste simbólico 7 de Setembro não nos apetecem as futricas políticas nem os ressentimentos dos aventureiros, com valores ínfimos e solerte imaginação — o que nós, o povo brasileiro festeja e faz jus em se manifestar, é a favor de nossa liberdade, afirmar que amamos nosso País — o Brasil Brasileiro.

Vale dizer — o Brasil a cujos auspícios se edificaram os maiores vultos de nossa História,  cujos atos e ações enriqueceram nossa memória, muitos deles à custa do próprio sangue derramado.

Esse o dia memorável em que o povo manifestou seu patriotismo pelos 200 anos de nossa Independência, não por mera ideologia político-partidária, mas, sim, como ritual de glorificação a nossos pósteros, aqueles que lutaram, deram seu sangue e destinaram seu saber e empenho ao ideal maior de independência contra os grilhões do colonizador.

Foram eles os protomártires da Independência José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes,  em Minas, a brava Maria Quitéria, os enforcados e esquartejados no Rio em 1817, Capitães Domingos Jorge Martins Pessoa e José de Barros Lima (o Leão Coroado),  os Padres Pedro de Sousa Tenório e Antônio Pereira Albuquerque,  Antônio Henrique Rabelo, Amaro Coutinho, José Xavier Carvalho, Inácio de Albuquerque Maranhão. Também em memória de Frei Caneca, mártir da insurreição pernambucana de 1817 em Recife, da Madre Joana Angélica de Jesus na Bahia, golpeada por tropas portuguesas ao proteger seu convento, que a Igreja considerou postulante à devoção dos altares. Conquanto já em 1640, Manuel Beckman em São Luís, fora enforcado por sua revolta contra a burguesia portuguesa.  

Não podemos deixar também de lembrar os grandes percussores do movimento abolicionista, José do Patrocínio, assim como as ações revolucionárias nos parlamentos de Joaquim Nabuco e do erudito Rui Barbosa.

É-nos lícito compreender que todos esses movimentos não teriam ocorridos não fossem os esforços e a visão progressista de um grande nome ainda no Império, José Bonifácio de Andrade e Silva. Também não podemos esquecer as ações e o proceder dos nossos imperadores, em prol de nosso País continental, como o fizeram D. Pedro I, que proclamou nossa Independência e seu sucessor D.Pedro II, este tendo governado o País até a Proclamação da República, com impecável dignidade.

Portanto, não reconhecer nas manifestações deste 7 de Setembro ato de legítimo patriotismo, é-nos lícito dizer tratar-se de especulação maldosa, insulto à própria democracia, portanto demérito à Pátria e ao povo que a representa. É inclusive denegrir, com palavras vãs, o sofrimento de nossos mártires que lavaram com sangue a liberdade de nossa Pátria.

 

Parodiando nosso antigo professor do famoso Liceu Maranhense, ao término de suas aulas, dizemos QUOD AD DEMONSTRANDUM — em vernáculo, como queríamos demonstrar.

CDL/Bsb, 8.09.22

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

 

SÃO LUÍS — UMA VISÃO ATUAL

 


 

 

A vetusta cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão, tenta vestir-se de nova roupagem urbana. Na verdade, o que acabamos de assistir soa algo diferente. Visitamos a cidade agora mesmo em agosto deste ano. São Luís realmente mudou muito, nem sempre para melhor.

Não há negar, a cidade modernizou-se, graças às pontes que ligaram o conjunto arquitetônico histórico, que passa a ser a cidade velha, para o outro lado da ilha, os bairros de  Calhau,  São Francisco, a península,  hoje englobando a antiga Ponta d’Areia. Esta, por sinal, a parte de São Luís mais viralizada — ontem um logradouro quase desconhecido, verdadeiro pântano, com praias até ameaçadoras, como a de São Marcos.

Enquanto isso, a velha cidade supostamente fundada pelo francês Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière, desmorona-se, a nosso ver imposta pelo certificado de Patrimônio Histórico da Humanidade, que a estratificou no tempo.

Que não se negue à cidade seu valor como centro cultural e histórico — outrora badalada pela alcunha de Atenas Brasileira à custa da plêiade de escritores e eruditos que a consagravam. Não obstante, hoje São Luís parece um burgo em ruínas e o que nos causa mais espécie, sendo destruída aos olhos dos próprios habitantes, que assistem, impassíveis e até deleteriamente, os monumentos históricos, casarões e locais originais passadistas, ruírem dia a dia, à falta de reabilitação.

Basta-nos um passeio para reativar a memória e aquilatarmos a situação precária da cidade.

Eis-nos à Praça Deodoro, onde se encontra o ainda belo prédio estilo nouveau da Biblioteca Benedito Leite. Felizmente preservada, em meio à praça, hoje reconstruída em estilo moderno, apesar de desprovida do antigo arvoredo. Em frente, o famoso Panteão onde se abrigavam os bustos dos intelectuais maranhenses notáveis — por incrível que pareça apenas os suportes, desprovidos dos bustos dos escritores.

Em volta, o povaréu, transitando ao redor, a maioria, perambulando atoa. Aqui e ali uma aglomeração, principalmente à frente do Colégio Estadual do Maranhão, o antigo Liceu Maranhense — um absurdo porque oblitera a fachada do valoroso educandário.  Ao lado,  um conglomerado de barracas, à guisa de comércio — o camelódromo.

Atravessa-se a praça e alcança-se em frente a velha Rua do Sol, felizmente com seu nome original. Mas repleta de detritos, papeis e sujeira nas calçadas, cujos ínfimos tamanhos, faz com que o pobre turista a percorra com cuidado para não ser atropelado.

Mais adiante se acha o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, outrora sofisticada residência da aristocracia maranhense. E adiante o belo edifício do Teatro Arthur Azevedo, felizmente intacto, após reformado.

Finalmente, depois de percorrer a estreita  rua, alcança-se a Praça João Lisboa, onde, sentado em sua cadeira erudita vê-se a estátua do grande  jornalista João Francisco Lisboa. A antiga praça foi reformada, mas despenaram-lhe do antigo arvoredo.

Sem fôlego, após atravessar a praça, já o sol a pino, o turista invisível e também inadvertido, desce a ladeira da rua de Nazaré, ao lado da Praça Benedito Leite — o grande feito é almoçar no restaurante do SENAC, enfim capaz de nos descontar dos desprazeres da travessia, graças aos acepipes da glamorosa cozinha maranhense que a casa nos oferece.

Refeito dos contratempo, o sol já brando com o cair da tarde, é dá-se uma chegada, ali perto no anfiteatro da arquitetura colonial, de que tanto se orgulha o povo ludovicense — o Projeto Reviver, onde ficava a antiga Praia Grande, o porto da cidade.

Enfim, neste nosso espécie de passeio memorial em que nos recordamos do tempo e dos momentos em que vivemos no passado na velha quadricentenária cidade, que dizem ter sido fundada pelos franceses, terminamos nosso dia com o espetáculo do por do sol no Café dos Poetas, ao lado da Prefeitura, em homenagem à literatura — com que se resgata o antigo pleito de São Luís como ATENAS BRASILEIRA, mesmo que não passe de um burgo apenas maranhense.

 

CDL/Bsb,01.09.22

 

 

 

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

 

TEORIA DO TUDO : A CONTRADITA DE DEUS

 


 

 

O prato degustativo preferido dos cientistas, físicos e cosmólogos hoje é a tal da Teoria do Tudo. Os principais deles são Stephen Hawkings, Richard Dawkings, Carl Sagan, Neil Degrasse Tyson, sem falar naqueles que aceitam essa teoria como espécie de contradita do Criador — Sam Harris, Daniel Dennet e Christopher Hitchens. Todos encontram o refúgio ideal para detonar a religião.

Aliás, o grande inimigo da ciência é nada menos que a religião, o criacionismo os cientistas, com raras exceções, o fulminam como responsável pelo atraso da evolução e do progresso.

A Teoria do Tudo ou Teoria do Todo ou ainda a Teoria Unificada ou Unificadora que engloba na física a chamada Teoria da Grande Unificação ou TGU versa sobre uma teoria que unifica numa só estrutura teórica todos os fenômenos físicos, isto é, a mecânica quântica e a relatividade geral num único tratamento teórico e matemático.

É de vê-se que esse pleito constitui o sonho dos cientistas, físicos, cosmólogos e alguns filósofos de hoje, embora não tanto atual, tendo sido desde priscas eras o desejo dos primeiros apologetas, como os pré-socráticos Parmênides, Heráclitos e Demócritos. É interessante  eruditos como Kepler, Isaac Newton e Euler não tenham ousado aceitar essa esquizofrenia científica em suas pautas de trabalho.

Modernamente, nem o próprio Einstein, autor da Relatividade Geral, mesmo tendo consultado essa possibilidade de concentrar numa só teoria todas as forças eletromagnéticas, visando harmonizá-la com a Teoria Quântica, por concluir ser impossível, a seu ver, incompatíveis. Desistiu da ideia, inclusive da própria Teoria Quântica que nunca conseguiu aceitá-la de todo.

Hawking, que teria descoberto os famosos buracos negros, conforme expôs em sua magna obra Uma Breve História do Tempo, nunca conseguiu provar em evidência uma Teoria que ousasse abranger a totalidade das forças naturais. Na verdade, Hawking, como todos os outros físicos, cosmólogos e cientistas o que desejam é, com suporte da ciência e  de forma inconteste, através da Teoria do Tudo, demolir por completo essa figura ultrapassada de um Deus Criador.

Observe-se que Darwin, o fundador de outra teoria excêntrica, não se atreveu a tanto, mas outros o fizeram sob o suporte da Teoria do Tudo. Referimo-nos a Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennett e Christopher Hitchens. Dawkins através de sua tese do Genes Egoísta, tese, aliás que não tem recebido o beneplácito de todos os cientistas.

A apologética científica sob o lume da Teoria do Tudo padece, pois, de veracidade. Basta que confrontemos seus pressupostas postulados com a Teoria da Incompletude de Kurt Gödel, segundo a qual qualquer formulação científica é incompleta, portanto, falível por incapacidade de comprovação.

O próprio Hawking viu-se diante da contingência proibitiva decorrente da incompletude demonstrada pelo grande matemático austríaco.

Conclui-se, assim, que, na realidade, a Teoria do Tudo, sonho dos materialistas, na qual muitos negativistas ansiavam se apoiar para negarem a existência de um Deus Criador — cae por terra, por se tratar de sofisma, especulação, sonho emblemático e utópico.

Vale dizer que, mesmo com todas as versões controversas, provenientes de mal-entendidos, pequenez de espírito, frivolidade mental e que tais — ainda prevalecem os ensinamentos da nossa velha e sábia Bíblia Sagrada, que até hoje trazem o peso da verdade.

Quer queiram ou não — a verdadeira apologética constante da Bíblia, as mensagens advindas do Mestre da Galileia ainda prevalecem, a despeito de Hawking, Dawkins, Laplace, Darwin, enfim de todos esses sofistas modernos, que, inadvertidamente sonham em negar o que é claríssimo como água, o ar e o vento:

... “No princípio, criou Deus o céu e as terras” — e viu Ele que tudo era bom. 

 

CDL/Bsb, 8.08.22