terça-feira, 3 de janeiro de 2023

 

A FESTA SOCIALISTA OU O IMAGINÁRIO

DO PODER OU A NOVA REPÚBLICA SOCIALISTA

OU O ADMIRÁVEL BRASIL NOVO

 






 

A epopeia visionária de Aldous Huxley “O Admirável Mundo Novo” não é mais uma utopia — acaba de se realizar e, por incrível que pareça, à nossa frente, no primeiro dia do ano novo de 2023. É quando se dá  a instalação do terceiro governo do sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, mesmo depois de indiciado por corrupção em todas as instâncias judiciais. O inacreditável fato teve a benevolência da Corte Suprema, à forra de interpretação supra jurídica elaborada por um de seus membros.

Vis-à-vis da fantasia do escritor agnóstico inglês, eis que, por uma dessas insopitáveis manobras do destino, um saltimbanco sindicalista, de poucas letras, inimigo do trabalho, pleno de verborreia em corporação operária, é investido das funções de Presidente da República, eleito em suspeitável votação popular. Inaugura-se, assim, uma democracia visionária, com letra minúscula, espécie de espantalho do regime já criticado por Platão, antes do nascer do cristianismo, hoje reconhecido como regime político ideal às nações.

Dá-se, assim, o ruidoso espetáculo de entronização, pela terceira vez, do miraculoso Lula na presidência da República deste nosso torrão, político e filosoficamente agônico, agora nos braços de um administrador anarcosocialista, alçado à estadista de 2ª ou 3ª categoria.

Abre-se, então a cortina do 1º Ato do ano de 2.023 da Graça do Senhor com o Ave Lula e, nós, brasileiros   obrigados a assistir um estranho, deformado ato, ao vivo e nas TVs, viralizando a posse do novo governo do Lula — — esfuziante cena de teatro mambembe, os protagonistas, agindo como bonecos semióticos, amorfos, ridículos, para dizer o mínimo, o máximo uma paródia de mensagens criptografadas à guisa de insultos e churumelas políticas ocas e adventícias. A dizer que se tratava de uma transmissão governamental, plena de sentido cívico, o simbolismo da transmissão da tiara mítica de um governo para outro, o sagrado símbolo republicano da outorga institucional do Poder.

E o que vimos foi um estereótipo perjuro político, um atentado à verdadeira Democracia platônica, mesmo com a tarja dos defeitos icônicos que lhe imputara o Mestre.

Dir-se-á cena roubada de Pirandello, refugo dos seis personagens à procura de um Autor, à guisa de sinais míticos, personagens rudes, medíocres, sob um suposto rótulo de fidelidade à Majestade. Na rampa do Palácio da Alvorada, sem qualquer selo sinalagmático, transmitiu-se a tiara ao novo Presidente — não pela mão do Presidente anterior, mas por uma moça catadora de lixo urbano, que desde 14 anos de idade exerce o ofício e — incrível — continua a fazê-lo durante 17 anos. Ladeiam-na um deficiente, um menino negro e um índio, representando a raça indígena.

Enquanto isso, aureolado por emoção súbita da atávica cena, aos prantos, Lula é abraçado e beijado — espécie de cena lúdica, a majestade endeusada pelos pobres súditos, verdadeiro escaldo de primatas, em adoração e júbilo por seu guru ad eternum totemizado.

Em baixo, no retábulo da simbólica rampa do Palácio da Alvorada, o povaréu urra em cantochão, fantasiados todos de vermelho, reverenciando o líder, aos berros e palmas — Lula-la, Lula-la, o famélico cantochão de louvor à entrante democracia solidarista mundial no torrão da brasilidade.

 

                                                                                   Bsb, 3.01.23

 

     

sábado, 3 de dezembro de 2022

 

MONTAIGNE E A SAÚDE

DE    NOSSO    TEMPO

 




 

 

 Tempos difíceis esses em que vivemos. Biblicamente são os primeiros passos dos fins dos tempos — os sinais preconizados pelo profeta João no Livro do Apocalipse.

Como nos preparar para as calamidades advindas? É o que nos preocupa a todos, quanto à nossa saúde mental, possivelmente abalada, se já não estamos todos loucos, o mundo todo enlouqueceu.

Sim, porque ocasiões há em que o ser humano já perdeu de vez a tramontana, basta verificarmos o grau de insanidade da chamada modernidade e seus estrépitos de desalinhos para com a natureza, a quebra da realidade e a deformação do próprio universo.

Se considerarmos as anomalias que nos assolam a atualidade, a insanidade de que tem se valido os atos humanos, os descompassos éticos, estéticos e morais dos seres humanos — a tudo isso só podemos chegar a uma conclusão: o mundo ficou louco e seus habitantes, também.

O Mestre já nos preveniu, preparando-nos para os novos, mas terríveis tempos de provação: “Orai e Vigiai”.

Neste ínterim, cai-nos à mão, advindo de um amigo, entrevista retirada do jornal francês Le Figaro, edição de 19.09.22 de um psiquiatra, Michel Lejoyeux. A entrevista é sobre seu livro “En bonne santé avec Montaigne”  — o subtítulo define o conteúdo do livro: Montaigne, um filósofo preocupado com nossa saúde. Em seu livro, o psiquiatra nos alerta: “Em Boa Saúde com Montaigne.”

Michel Montaigne (1533-92 foi um escritor francês, jurista, político e filósofo — teria sido inventor do gênero ensaio, considerado um dos mestres do humanismo francês. Resta dizer que Montaigne não era, por assim dizer, um bon-vivant, ao contrário era retraído e crítico da sociedade à época (século XVI), tendo por líder Boécio, com a pretensão de alcançar a verdade absoluta, conquanto duvidasse de tudo, o que contrariava seu suposto estoicismo. Na verdade ele não passava de um seguidor de Sócrates com o Conhece-te a ti mesmo, um casmurro, como Machado de Assis em seu Dom Casmurro.

Mas, Montaigne pode nos ajudar a entender esse nosso tempo louco? Esse parece ser o objetivo do livro do sr. Lejoyeux, que nos dá uma luz no fim do túnel.

Afinal o que nos legou esse senhor medieval, ensaísta famoso que possa nos ajudar hoje a viver esse nosso mundo e seus viventes?

Segundo a entrevista do Le Figaro, sim, parece que o velho caturra, autor dos Ensaios, o humanista boeciano,  nos traz algumas luzes. São conselhos, tirados à sua própria maneira de viver, recluso no seu Castelo, preocupado com suas biles.

Por que nos preocupar tanto com as mazelas do mundo? Devemos é alimentar nossa alegria interior, abolir as tristezas, afagar os mínimos prazeres, apreciar o que nos faz feliz e abolir por completo a infelicidade (chagrin)—esta, sim é a causa mais depressiva que existe.

Outra coisa interessante que nos aponta Montaigne, segundo Lejoyeux, é que nós, humanos, devemos ter poucos, mas amigos de verdade, os quais nos confortem com suas presenças,.ações e pensamentos e nunca cultivar numerosas amizades, tornam-se flibusteiros de plantão.

Por fim, outro conselho do velho mestre francês dos Ensaios — fazer exercícios corporais e diz ele: “Se você hesita entre fazer exercício físico e os do espírito, escolha o físico, pois o inverso não é verdadeiro.

Ficamos dando tratos à bola como Montaigne, velho, culto, jurista e filósofo dos costumes, diria diante desse espetáculo caricato que foi, durante um imbróglio político, um membro da alta corte de nossa justiça, responder a uma pessoa com esse chiste, absolutamente impróprio e chulo:

— ... Perdeu, mané!

Certamente teria vergonha de ter escrito seus Ensaios, afirmaria estar no planeta dos macacos, jamais no cadinho civilizatório sobre o qual urdiu suas reflexões.

 CDL/Bsb,4.12.22

 

sexta-feira, 18 de novembro de 2022


 

SINAIS ESCATOLÓGICOS E O BOM COMBATE

 

 

 

 

Vivemos instantes dos mais inquietantes, a nos indicar que os acontecimentos escatológicos já se sobrevêm ao País e ao mundo — sob os padrões da visão do cristianismo. Seria o prelúdio dos fins dos tempos?

Enquanto isso, reina a apatia de grande parte da sociedade, daqueles que quanto pior melhor, contanto que se refastelem vivos e absortos em seus próprios interesses pessoais.

Em contrapartida que não nos atinja o estado geral de apatia, sem dúvida o contraventor dos eventos e da capacidade de, nós seres ainda humanos, agir e sobreviver neste nem tão suposto “vale de lágrimas”.

Ora, os dias que correm parecem-nos os sinais evidentes de que os fins dos tempos já se aproximam, basta atentarmos para os eventos, o desgaste do mundo, o despudor das sociedades e das pessoas.

Não será isto o de que nos advertiu o Mestre Jesus, nos diversos ensinamentos que predicou, em sua rápida passagem vivencial ao nosso mundo — quando nos alertou: “Orai e vigiai”?

Dissemos anteriormente “Desanimar não é preciso”, mas o epíteto parodiado de Fernando Pessoa parece-nos cada vez mais inepto à vista de tanta negatividade que nos têm afligido os fatos.

Acontece que o desanimar não parece tampouco o remédio para a cura dos males da sociedade, sobretudo  fórmula ideal para combater os desacertos que ocorrem no mundo atual. Seria como agir com o mesmo remédio, o erro pela afazia mental.

Será que essa teria sido a atitude, por exemplo, de um dos discípulos mais ativo do Mestre, o apóstolo Paulo de Tarso? Teria ele simplesmente esperado que Deus proviesse tudo? Se nos atermos à sua ação, como divulgador da boa nova, em quase todo o mundo antigo, ele não descansou enquanto não promoveu sua cristianização, sofrendo os maiores dissabores por onde andou, inclusive o apedrejamento, por exemplo, em Atenas, por incrível que pareça o berço da democracia supostamente legada às nações incipientes.

Acolhamos a apologética paulina e não nos deixemos influenciar pelo materialismo, vão e infausto, por exemplo, de um Jean-Paul Sartre. Ao contrário, fortaleçamo-nos da vontade interior do apóstolo Paulo, cujas palavras de admoestação dirigiu aos Corintos — 2Cor. 12: 9-10 — com que fortaleceu a fé daqueles primeiros colonos cristãos:

 

“Por isso, de bom grado, me gloriarei das minhas fraquezas, para que

a força de Cristo habite em mim (10); e me ampare nas fraqueza, nos                                        insultos, nas perseguições e nas angústias, por causa de Cristo. Com efeito,   quando sou fraco, então sou forte.”

 

Não diz o dito popular que é na fraqueza que nos sentimos mais forte? Diante de uma catástrofe, a alternativa é não nos deixar abater.

É-nos oportuno o refrão do grande poeta maranhense Gonçalves Dias em seu poema indiano “Canção do Tamoio”, em que enaltece o em que consiste o verdadeiro sentido heroico da vida:

 

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

“A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar”

 

 

Que o aforismo poético do vate gonçalvino nos dê força e capacidade suficientes para vencer, mais uma vez, a mão esquerda do destino que, no momento,  ousa se abater sobre nós.

 

  

 

    

domingo, 6 de novembro de 2022

 

O  LOBO  E  O  CORDEIRO

 


 

 

... Naqueles dias, o Lobo e sua matilha invasora, resolveu devorar o Cordeiro que estava ali, há muito tempo, com seu rebanho.

O fato ocorre num riacho onde, ambos Cordeiro, Lobo e suas respectivas trupes, saciam sua sede.

— Ó Cordeiro — diz o Lobo da outra margem — você está bebendo do meu riacho.

Medroso, mas querendo se defender, o Cordeiro replica:

— Senhor Lobo, este riacho e todo esse território nos pertence, há muito tempo, a mim e meus companheiros. Mas o sr. e seus companheiros podem beber no riacho.

O Lobo responde, furioso, mesmo assim:

— Pois agora fique sabendo que este córrego e todas estas terras abeirantes já me pertencem...

— Senhor — replica o Cordeiro temeroso, fazendo das tripas coração — este riacho e todas estas terras nos pertencem, desde tempos imemoriais...

— Mas agora não pertencem mais, preciso de mais espaço para minha trupe se refestelar.

— Nesse caso — responde o pobre cordeiro, mesmo tremendo de medo — sou obrigado a recorrer à Suprema Corte deste território...

— Eu pertenço à Suprema Corte e vou indeferir seu recurso...

Responde o Cordeiro, quase sem mais alternativa:

— Nesse caso, vou à Corte Internacional de Justiça.

— Pois, sim — ironiza o feroz devorador de cordeiros indefesos — todos de lá são do meu lado, fazem parte da justiça mundialista, já estabelecida.

Então, como última instância da razão e justiça, o indefeso cordeiro ousa responder:

— Senhor, sou obrigado, eu e meus companheiros, a medirmos força com os invasores pelos nossos direitos...

Sem mais delongas e junto com toda sua ferocíssima matilha, o Lobo atravessa rápido o regato e estraçalha o cordeiro  desafiante e todo o seu rebanho.

 

MORAL DA ESTÓRIA: A razão do mais forte, formada pelas ideologias dominantes, supera sempre os que ainda acreditam na Justiça e no Direito do bem viver. Quem tiver ouvidos, ouça. E parodiando o velho Shakespeare, afirmamos: há algo de podre na nossa Dinamarca.

CDL/Bsb, 6.11.22

terça-feira, 25 de outubro de 2022


 

DESANIMAR  NÃO É PRECISO

 



Nestes dias de tantas discórdias,  bom alvitre seria recorrer às sábias palavras do pregador batista Graham Green, extraídas de seu livro 366 Meditações Diárias:

Senhor, quando eu me sentir desanimado, tira toda a cegueira causada pela minha fé inconstante. Tu estás sempre comigo. Perdoa meu ingrato coração.

A prece inspira-se nos Salmos 26.14 e deve servir também a nós, pobres eleitores, ora atanazados por tantas crueldades, a lidarmos com mentiras, falsidades, uma verdadeira batalha satânica a nos atacar as consciências, tudo dirigido para nos desvirtuar do que é certo, mais adequado à situação periclitante em que nos encontramos. Observem-se as palavras do salmista: Espera pelo Senhor, tem  bom ânimo...

O desânimo — ninguém se iluda — é uma das ações mais perigosas a comandar nossas consciências, elas não nos fortalecem o espírito, ao contrário delinquem nosso querer, diminuem nosso ensejo de esperança, nos enfraquecem e infelicitam nossas vidas. É um sentimento negativo, um estorvo. Se quisermos ter esperança, jamais  devamos nos tornar vítima dessa desordem que é o desânimo.

Enquanto isso, recorra-se à esperança. Todos nós devemos ter esperança no que fazemos. Querer é poder, diz o feliz refrão. Nunca pensarmos na derrota. Não pensemos no pior, mas no melhor. Lembremo-nos de que o universo conspira contra o negativo da nossa existência.

Haja fé a fortalecer nossa esperança, sem a qual não passaremos de frágeis e covardes patriotas, que, como fôssemos  cobaias de um destino réprobo, nos esquecêssemos de defender a nossa própria Pátria.

CDL/Bsb, 25.10.22