INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL
E O FUTURO DO MUNDO
A evolução da Inteligência Artificial – IA tem aumentado de forma
realmente extraordinária nesses últimos anos. Se positivo ou negativo tal
fenômeno, só o tempo dirá — essa a grande verdade. Mas, afinal, o que é esse
fenômeno, por que se expande vertiginosamente, como aferi-lo em termos morais,
estéticos e filosóficos? Seria o maior avanço para a humanidade ou, ao contrário,
o evento que atestaria sua derrocada total?
Façamos alguns reflexões sobre o assunto.
Ao contrário do que se pensa, a manipulação
artificial de engenhocas não é privilégio da atualidade. Já antes de Cristo,
filósofos e pensadores tentavam criar
máquinas que facilitassem a vida das pessoas. Aristóteles (384-322 a.C)
idealizou, dentre suas inúmeras atividades como filósofo, poder substituir a
mão de obra de escravos por objetos autônomos. Os gregos no século 1
construíram uma máquina capaz de calcular posições astronômicas, chamada Anticitera
— a estrovenga foi encontrada em 1900 por mergulhadores num naufrágio ocorrido
há mil anos, inclusive encontra-se exposta no Museu Nacional de Atenas,
reconstruída pelo computador. Não se trata de novidade, portanto.
Observe-se que a IA não se trata de invenção
isenta de restrição. Pelo contrário, até hoje, em pleno século 21, muitas
pessoas a renegam, consideram sua evolução empreendimento pernicioso, talvez
até um perigo iminente para a
humanidade. O próprio Stephen Hawking, considerado o gênio da física
moderna, declarou em 2014, na BBC: “O desenvolvimento da inteligência
artificial pode significar o fim da raça humana.”
Ryan Cala,
professor de direito da Universidade de Washington, como cautela aos possíveis perigos da IA, propôs a
criação de uma Comissão Robótica Federal para monitorar e regular sua atuação.
A que se deve o recrudescer da IA? Sem
dúvida à evolução vertiginosa da
ciência, a partir das invenções, principalmente as decorrentes do computador. A
extração de dados com o desenvolver de novos sensores, câmaras mais rápidas,
baratas e sofisticadas, capazes de criação de computadores mais eficientes e
acessíveis, com processamentos de dados mais rápidos e menor custo. Países como
China, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Rússia, Alemanha, Noruega, Suécia,
França e Índia são países líderes em IA.
Não há negar que hoje a IA é o principal
vetor de revolução da ciência e tecnologia, na tal ordem em que se encontra,
cuja tendência, ao que tudo indica, só faz aumentar a cada dia. E a IA atingiu
tal ordem evolutiva que já existem várias empresas a desenvolverem projetos
verdadeiramente audaciosos, como a fabricação dos robôs humanos, isto é, robôs
de tal ordem evoluídos que são capazes de exercer várias funções, como
responder perguntas, resolver equações, escrever textos, depurar e corrigir
códigos, traduzir idiomas, criar resumo textuais, fazer recomendações,
classificar coisas e explicar o que faz. Vale dizer que ainda não têm
propriamente raciocínio, restringem-se às informações armazenadas no seus
cérebros eletrônicos, portanto incapazes de criar novas coisas, apenas
interpretam e esclarecem com base no que já sabem.
Mas e se passarem a pensar como os humanos?
Já há ideia pairando de que as coisas
vão passar dos limites. Observem-se o que já tem no mercado: um robô feminino,
chamado Sophia criado há três anos por David Hanson, proprietário
da Hanson Robótica. Sophia é cidadã da Arábia Saudita e tornou-se atração desde
2016 nos Estado Unidos.
A empresa Walt Disney criou o robô humanoide Abraham
Lincoln. E já vimos no youtube, certa empresa japonesa pretendendo
criar o robô esposa, inclusive capaz de realizar sexo. Hanson informa que
Sophia, seu robô semi-inteligente, diz que ela aspira ser empresária. E afirma
ele: “A ciência começa com um sonho.” Mas até onde irá esse sonho? — é o
que nos perguntamos.
A Universidade de Oxford aliada ao Google
DeepMind realizaram um estudo no que é sugerido que a evolução da IA pode
destruir a humanidade. Numa série de ficção científica no Westworld os
robôs submissos se insurgem contra os humanos. E aquelas entidades acham que
isto pode ocorrer. Aliás, duas grandes redes adversárias, especializadas em IA.
já competem entre si.
Então qual o futuro da IA, como deter suas
sonhadas pretensões?
Isaac Asimov, aquele escritor best-seller em sciense-fiction,
já falecido, criou as chamadas três leis essenciais da robótica:
1 – Robô não pode ferir um humano ou
permitir um humano sofra algum mau.
2 —
Robôs devem obedecer às ordens dos humanos, exceto no caso de a ordem
conflitar com a primeira lei; e
3 — Um robô deve proteger sua própria
existência, desde que não conflita com as leis anteriores.
A propósito, segundo o filósofo da informação Pierre Levy — nossa
relação com a tecnologia é que ela depende de nós mesmos. As três leis da
robótica de Asimov são exemplo de reflexão de que nosso futuro dependerá da
tecnologia.
Nesse aspecto, podemos caminhar para o
cenário de domínio quase absoluto dessas corporações cibernéticas — talvez
sombrio, diríamos, mas não seria culpa da tecnologia, em si, mas da própria
natureza humana.
Ousamos terminar nossas reflexões sobre esse
assunto tão em voga hoje, utilizando as palavras do filósofo Pierre Levy:
“... estamos vivenciando a abertura de um
novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades
mais positivas desse espaço no plano econômico, político, cultural e humano.”
Oxalá tenha o homem aprendido que nosso cérebro tem ressonâncias
espirituais, sob pena de cairmos no buraco negro de nossa ignorância total.