UMA CIDADE ASSASSINADA
Abordemos
hoje um assunto de certo modo intrigante. Sempre faço viagem a São Luís,
Capital do Maranhão e cada vez mais me estarrece quando a encontro em estado
precário. Ora. São Luís, alguns anos passados, pelos idos de 1940 a 50 era uma cidade
aprazível. Não sou maranhense, mas toda minha família o é, da parte de pai e
mãe. Fiz meus primeiros estudos no educandário padrão — o Colégio Estadual do Maranhão. Os mestres todos eram o que havia de
mais reconhecidos, Fiz o primeiro ano de Direito na vetusta Faculdade de Direito, com renomados mestres. Além de ter me casado com uma ludovicence, também de família distinta,
Maria Vilma, hoje, como eu, escritora, com livros publicados.
O que
aconteceu com a cidade, supostamente fundada por Daniel de La Touche, Senhor de La Rravardière, nos idos de 1612,
enviado da França para fundar a tal França
Equinocial, com seus comparsas Charles
de Veaux e Daniel de La Touche?
Aliás,
assunto muito controverso, por sinal, de que São Luís teria sido fundada pelos
franceses. Segundo Vasco
Mariz & Lucien Provençal, em seu interessante livro La Ravardière e a França Equinocial,
citando renomada pesquisadora maranhense Maria de Lourdes Lacroix em seu livro A Fundação de São Luís e seus mitos — “ a ideia da fundação francesa de São Luís é
uma mentira sem mentiroso.” De sua parte, Maria
de Lourdes cita fonte insofismável: Padre Antônio Vieira.
A controversa
vige até hoje. Mas, por que a cidade,
francesa ou portuguesa, hoje está em ruína? É triste, mas eis a
grande verdade. As consequências são evidentes — a cidade não tem turismo,
porque ninguém se dispõe a ver ruínas, a não ser as de Pompéia, na Itália. Explique-se
— por incrível que pareça resultou do seu tombamento, melhor, o motivo não foi exatamente o fato de ter sido tombada pelo
IPHAM, em 1974 como Patrimônio Histórico da Humanidade da UNESCO. Tombada
também o foi a cidade de Ouro Preto
em Minas Gerais, não em ruina, mas a
pletora até hoje de grande fluência de turismo. Acreditem se quiserem — os
grandes culpados foram os políticos, prefeitos e governadores.
Também
explicamos. É só olharmos as fotografias antigas de São Luis, aliás
existe inúmeras arquivadas em seção especial na Biblioteca Pública Benedito
Leite — basta vê-las.
Por incrível
que pareça, antes do tal tombamento, aí pelos anos
de 40, certo prefeito baixou um decreto municipal, obrigando os proprietários de casas de porta e janela ou inteira a transformá-las em bangalowos — o motivo, acompanhar a
modernidade!
O resultado é
o que se vê — uma cidade de certo modo assassinada!
Bsb.CDL.5.04.25
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