terça-feira, 1 de janeiro de 2019




FELIZ  ANO  NOVO 
- O ANO DA VIRADA!

                    

                  MEU  CAMINHO


                                                  Murilo Moreira Veras


Transponho a linha do Tempo
— o coração aos pulos?
Os braços buscam espaço
na quadratura do Mundo.
A vida em festa
— a vida com ou sem festa
os olhos numa profusão de Sonhos.
Viver é sonhar
como sonhar é viver
                   sempre —
Ou é o (com) viver sem trégua
                 para o Amanhã?
O Caminho é o caminho dos Homens.
Os Homens — um caminhar no limite
                 do Horizonte.
As mãos, minhas mãos, nossas mãos
esvoaçam asas ansiosas,
                  repletas de Esperança
como a realeza dos pássaros.
Não são os pássaros que decantam a natureza
                   em cânticos
                   polifônicos?
Nós, humanos, é que desfiguramos
                   a lírica do cenário,
não compreendemos a pureza dos lírios
                   do campo.
Fôssemos pássaros humanos, alimentássemos
                   nós alvíssaras de Amor ao Belo
nossa vida seria uma belíssima Aventura.
Viandantes do Destino audaciosas trilhas
nossas pegadas percorreriam.
Destino é a força da obstinação
que ela nos alimente, nos fortaleça a alma.
A cada dia, um sorriso,
                    cálida lembrança
                     renascendo
o amor a deslumbrar o rosto
enquanto em passos o perfil do Destino
                      vai roteirizando.
— Luz, luz, aos meus poros urge,
cânticos novos e antigos ouso ávido
— são como écoglas ao perfil do Advento.
                       Viverei?

                                        Bsb, O1.01.1919

              

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018









LUZ  DO  MUNDO
                     

                                                 

                                     Murilo Moreira Veras

É tempo de Natal.
Os dias correm, velozes
como o tempo
— esse ardil feito de esperança
cujos sonhos nos alimentam a alma.
É o ápice da convivência humana.

É tempo de Natal,
o olhar deslizando sobre a janela
do destino
— lá fora, numa simples manjedoura como berço,
nasce a Salvação do Mundo:
— Deus Menino no Menino Deus,
a transcendência que se faz imanente
para envolver a todos no cálice da
Aventura Crística
que transformou nossas pegadas
num caminho em busca do Infinito.

É tempo de Natal

hora de modificar a servidão dos Homens
no auspicioso convívio da Bem-aventurança.

Quo Vadis, Domine?
  Vou ao encontro da Luz,
a mais iluminante Luz
que existe e existirá para nosso Mundo
— chama-se Jesus.
                                                 Bsb,  Natal, 2018

sábado, 24 de novembro de 2018




         BRASIL :  TERRA PAPAGALLI
     OU  TERRA DE SANTA CRUZ?





Nosso País tem sido objeto de crítica ao longo de sua história. Sem falar naquela frase atribuída ao General De Gaule, de que o Brasil não era um País sério. Pois bem, dois escritores nativos lançaram há algum tempo o livro “Terra Papagalli. Os autores José Roberto Toredo e Marcus Aurelius Pimenta ridicularizam o Brasil, com base na crônica histórica de Pero Vaz de Caminha. A crítica de muito mau gosto, por sinal, arrasa com o povo, chegando a anatemati zar dez mandamentos para os viventes da Terra dos Papagaios.
Segundo tais mandamentos o brasileiro é por demais crédulo, fácil de ser convencido, vendilhão e entreguista por natureza, como funcionário público é preguiçoso, sem caráter, recebe propina, de tal ordem que é pessoa inconfiável, não solidária e egoísta, conformando-se com receber títulos, comendas e toda espécie de benesse. O último desses mandamentos reza que “naquela terra de fomes tantas e lei tão pouca, quem não come é comido.”  Certamente alusão à antropofagia de certas tribos indígenas.
Tirante os exageros, cinco séculos depois e após os treze anos de governança do PT, o País parece que espelha com certa fidelidade esse cenário perverso — terra habitada por papagaios!
Felizmente, para gáudio de todos nós que ainda confiamos no Brasil porque é nossa Pátria, eis que surge uma luz no fim do túnel da história — a recente eleição de um representante da ala conservadora, que, para desplante do esquerdismo que arrasou o País, teve a coragem de na sua campanha ter como lema “a Pátria acima de tudo e Deus acima de todos”.
E, pasmem todos nós, o efeito Bolsonaro já se faz transparecer nessa sofrida Terra Papagalli. É a esperança que urge renascer depois do País ter sido massacrado pela corrupção, a maioria de seu povo manipulado pela esquerda ideológica do PT, pessoas até de bem e toda a mídia — sobretudo nossa educação — não há negar, toda essas instâncias  inquinadas de sofismas marxistas, falsas promessas e todo esse engodo de que foi vítima o povo brasileiro. O resultado foi catastrófico: desperdício de nossa cultura, intelectuais e artistas,  quase a totalidade, envenenados pela mística populista, satanizada pela dialética  gramisciana, cujo objetivo é exterminar toda a civilização judaico-cristã, mediante  desconstrutivismo fraudulento, para não dizer criminoso.
Para piorar tal cenário, nossa estrutura educativa, desde os anos 40 e 50, tem sido influenciada pela ideologia marxista, às vezes camuflada de neo-liberalismo, graças à interveniência de Paulo Freire e seu método mágico Pedagogia do Oprimido. Hoje está completamente alijado de qualquer sistema educacional, até pelos seus colaboradores que o apelidaram de saco-de-vento. Em vez de pedagogia do oprimido, seria mais opressão ao oprimido, pois impõe ao suposto oprimido regras e conceitos impostos pelo próprio Estado regulador. Ora, segundo artigo de David Gueiros no site “Mídia Sem Máscara”, trata-se na realidade de plágio do americano Frank Laubach. Imaginem quem eram os personagens mais elogiados pelo nosso Freire — Fidel Castro, Che Guevara, Mao-Tse-Tung. Resta dizer que esse senhor Paulo Freire foi elevado a Patrono da Educação Brasileira. Não precisa dizer mais.
Pelo sim, pelo não, o certo é que o efeito Bolsonaro está revolucionado o País e com ele esperamos que jamais o Brasil se torne Terra de Papagalli, mas Terra de Santa Cruz, o Brasil dos Brasileiros.
CDL/BSB, 24,11,18





domingo, 14 de outubro de 2018



CONTRADITA   À  DESFAÇATEZ  POLÍTICA










Nestes conturbados dias que antecedem às eleições presidenciais definitivas, a disputa entre os dois candidatos é tão acirrada que mais parece um ringue — ataques e defesas se confrontam, à solta, sobretudo quanto à língua solerte da esquerda festiva, que teme a perda do poder.
Neste clima, vem-nos à baila o fato da ocorrência, entre os cultores da inteligência, as chamadas “imposturas intelectuais”. Se eles, os embustes grassam desenvoltos nos meios artísticos, culturais e científicos, até de maneira lesiva, da mesma forma, em política, prevaricam os fomentadores do ódio e do nefelibatismo mental. Desse modo e arte, as campanhas viralizam cenas e imagens torpes, profanando as “redes sociais”, que utilizam livremente os espaços dessa espécie de maga da comunicação moderna, onde todo mundo tem vaga e vez para dizer o quiser, difamar os seus desafetos, acobertados pela impunidade.
Quer dizer que regredimos à barbárie, quando não se respeita mais o direito do outro? Democracia, livre arbítrio e liberdade de expressão significa denegrir o adversário numa disputa eletiva? Como ficam os preceitos da boa convivência, a educação, a ética contida nos estatutos da sociabilidade — no lixo?
Vê-se que as “imposturas intelectuais” denunciadas por Alan Sokal e Jean Bricmont, a destemida dupla do livro com o mesmo título, que tanto furor causou nos meios acadêmicos franceses e americanos, nos idos de 1999, desmascarando mitos eruditos como Lacan, Deleuse, Kristeva, et allia, continuam mais vigorantes do que nunca. Alguns dos “doutores” de nossos meios cults, escritores, professores, filósofos, historiadores, e que tais, apadrinhados com meia dúzia de artistas, cantores e representantes midiáticos, indolentes beneficiários da Lei Rouanet, fazem coro, criam fake news, subvertem os fatos. Formam eles — intelectuais e artistas — uma trupe de trapaceiros a forjarem peçonhas, notícias falsas e até atitudes vergonhosas. Haja vista a difusão nas redes sociais de uma enxurrada de truques, difamações, praticadas e fomentadas por elementos da esquerda contra o candidato da direita.
Campanha política ou troca de insultos pessoais, que chegam ao nível de baixaria, não condizente com a dignidade humana. Não são mais “imposturas”, mas falta de caráter mesmo, isto de que o “esquerdismo brasileiro” vem fazendo uso e — pasmem — seus asseclas, apoiados pela mídia, que, assim, aumenta suas audiências e engorda os ganhos milionários. Tudo correndo à custa de espectadores nefelibatas, que se tornam inocentes úteis, zumbis, manipulados pelas TVs, programas, anúncios e informações deformadas, à guisa de comunicação.
 “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes!” — perdeu-se a dignidade, a hombridade, o respeito. É o vale tudo, a algaravia dos costumes. Até os símbolos religiosos são desrespeitados. Voltaire, ó Voltaire, estavas certo com tuas invectivas moralistas: “Mente, mente, e alguma coisa ficará...”
O País  surtou — não a Pátria de D. Pedro II, de Visconde de Mauá, de Manuel Beckman, de João Francisco Lisboa, de Sotero dos Reis e tantos outros pósteros. Rui Barbosa estremece em seu túmulo, de ver no seu torrão pátrio proliferar tanta desonestidade, justificando suas proféticas palavras: “...De tanto ver triunfar as nulidades, o cidadão comum sente vergonha de ser honesto.
Imaginem o absurdo: um padre católico viraliza nas redes sociais sua imagem fazendo gesto de quem esfaqueia o inimigo, a gritar raivoso — “... é o que ele merece!”
“Em que sol, em que estrela tu t’esconde, Senhor Deus?”  Rasga-se o Evangelho em plena luz do dia, à sombra de Jesus Crucificado. E a bestialidade continua, quando, noutro momento, é-nos mostrado o candidato do PT e sua vice recebendo a comunhão, enquanto noutra postação essa mesma vice braveja alto e bom som, que é anticristã e que, vencendo as eleições, promoverá a retirada dos símbolos sagrados de todos os órgãos federais, assim como acabar com os feriados religiosos, por inúteis. Não foi muito diferente do que disse certa professora de filosofia, em palestra, gritando aos berros: “Eu odeio a classe média!”
Eis o clima que temos suportar, espécie  de antífona sacrílega, antes das eleições definitivas.
Praza aos céus que os bons fluidos nos rodeiem, que o Amor e a Esperança não sucumbam ao Mal, que nos rodeia. E que, ao cumprir o dever cívico, sejamos serenos e justos, para que não nos tornemos em vez de patriotas, traidores da Pátria.
CDL/Bsb, 14.10.18
                                                                   
  

quinta-feira, 30 de agosto de 2018








    MÍDIA ATUAL BRASILEIRA —
    UM  DESSERVIÇO  À   NAÇÃO






Iniciam-se as prévias das entrevistas dos candidatos às eleições de 2018. São as apresentações dos presidenciáveis na mídia — notadamente nos canais de TV.
Têm sido um verdadeiro descalabro. Não propriamente da parte dos candidatos que, ali, fazem da tribuna seus planos de ação, o que pretendem realizar se eleitos forem para o mais alto cargo da Nação. É onde dão vezo a toda espécie de promessa, comprometem fazer o possível e o impossível, num verdadeiro vale-tudo de realizações, muitas inúteis, impraticáveis quando não simplesmente sonhadoras.  Prometer é possível, fazer é que são elas. É a tribuna ideal para o boquirroto, o falastrão. Sabem que promessas de campanha não passam de prosopopeias — como aquela feita por certo candidato  de “zerar” os endividados junto ao SPC, para recuperarem, via oficial, seus poderes de consumir e, assim, possibilitar o País crescer. Antes — todos sabemos  houve no passado apresamento obrigatório da poupança, miserabilizando a população dos pequenos poupadores.
Tais promessas até que são aceitáveis, como que alimentam a fantasia dos eleitores, dá-lhes certo alento, tal é o estado de desesperança que nos encontramos, o País em paralisia econômica e financeira. Não custa navegar um pouco na maionese do ardiloso candidato. São os tais “salvadores da Pátria” que se aproveitam dos distraídos, aquele eleitor que vai na onda, na fala encantatória do dito cujo. Todos já vimos este filme e o País pagou pela inadvertência do eleitorado.
O que queremos aqui nos referir é especificamente à mídia, essa intermediária da informação, àqueles que sinalizam para a notícia, enfim, ao jornalismo, àqueles que se arvoram do direito de informar o público ouvinte, torná-lo mais consciente, capacitando-o  a melhorar seu nível de conhecimento. Este, sim, é o que nos parece o verdadeiro papel da mídia como canal de comunicação.
Ocorre que logo às primeiras entrevistas, o que saltou aos olhos do ouvinte foi a impudicícia dos entrevistadores. Em vez de darem sentido mais ético às suas interlocuções, primaram por construir estratagemas, pregar peças ao candidato, fazendo perguntas rasteiras, lançando aleives, armando arapucas para surpreender o candidato, que, de sua vez, desnorteado, como nocauteado, respondem inadequado, quando não tergiversam, desabafando, nem sempre na justa medida — justamente a que objetiva esse tipo de jornalismo. Em vez de fazerem da entrevista um encontro de ideias, fazem-na um circo, em cujo picadeiro o candidato é desafiado, se atrapalha, se contradiz e acaba passando a figura de um imbecil. Às vezes, o tiro sai pela culatra e o entrevistador pela pilantragem da pergunta, cai no ridículo, desmoralizando-se perante o público ouvinte, como aconteceu em recente entrevista na rede Globo.
A atual mídia brasileira — salvo raras exceções — é de uma mediocridade de fazer dó. Mas é o que caracteriza o chamado “jornalismo marrom”, voltado para o rasteiro da informação, a ponto de jornalistas de certo conceito se servirem desse instrumento sórdido, que é a trapaça, a dita “casca de banana” para o entrevistado resvalar e cair, método sem dúvida dos biltres, dos trapaceiros da informação, que usam e abusam da insídia e do simulacro. Tudo que descaracteriza um encontro jornalístico ético, o entrevistador de  boa formação, moral e cultural.
Mídia, escrita, falada ou vista, que adotam esses princípios, que se sabem desconstrutivos, a nosso ver, prestam um verdadeiro desserviço à Nação. Tornam-se exemplos de mediocridade, ineficiência, evidenciando estado de assilabia mental dos transmissores, estado esse, infelizmente, em que tem se estagnado o jornalismo brasileiro.
Dos seus túmulos épicos, revolvem-se, envergonhados, os luminares do jornalismo: Nísia Floresta, a primeira jornalista profissional no Brasil, João Francisco Lisboa, José do Patrocínio, Rui Barbosa, Nascimento de Moraes, Carlos  Lacerda, Lago Burnett e todos os que fizeram e fazem, da profissão, um instrumental da verdade, não a fanfarronice do engodo.
 CDL/Bsb, 31.08.18


quinta-feira, 16 de agosto de 2018



UMA LEITURA PRÉVIA DAS ELEIÇÕES
 AO     ELEITOR      CONSCIENTE
















       Por incrível que pareça a dois passos/meses das eleições brasileiras, o plantel do eleitorado — nós, os indóceis eleitores — não sabem como fazer no cumprimento desse dever cívico, que candidato escolher, são 13 os pretendentes, todos, com raríssimas exceções, ou forasteiros, ou despreparados, enquanto o resto mal vistos, mantêm o rabo preso, na grande ratoeira em que se transformou a política entre nós.
Confuso o pobre do eleitor, ele próprio até certo ponto não se dando conta da responsabilidade de escolher, entre os afoitos pretendentes, aquele, menos mal, que ouse comandar o País. Aliás, previna-se: um País em transe.
Ora, pois, dirá o adventício — como fazê-lo ante o desvario em que se encontra o cenário político da nova Terra de Santa Cruz? Como superar o obstáculo, se a economia do País não reage a contento, as finanças em crise, a confiança da população em baixa? Onde as forças criativas, que se acovardam, em vez de tomarem o pulso contra a violência, os ranços ideológicos, o revanchismo que impregnam a Nação, atrasam o progresso, a ponto de desvirtuar setores vitais que impedem sua reconstrução, em termos de educação, cultura, tecnologia avançada e conhecimento científico?
Para desafeto da Nação, convenhamos, é-nos constrangedor  cumprir o ato confirmatório da democracia votando nada menos que em 13 concorrentes à Presidência, inda mais oriundos, como é sabido, do desbragamento orgíaco dos partidos políticos.
Em sã consciência, como ousa sobreviver um País que sustenta o peso político-partídário de 35 partidos, em ação e outros 56 em formação, arcar com as despesas decorrentes — e pior, saciar a fome de poder desses partidos, que mais parecem sorvedouros para enriquecimento ilícito, seus integrantes e operadores, verdadeiros All Capones na prática da cleptomania, endêmica em todos os sentidos?
Argumente-se. Não é um absurdo um País, como o nosso, ainda em desenvolvimento, manter o penduricalho de tantos partidos, sustentar a sandice ideológica de usurpadores do poder e dos cofres públicos? Enquanto os demais, que nos ufanamos de patriotas, sonhando com um Brasil mais forte, justo e equânime às necessidades de nosso povo, cristão  e livre da demagogia  dessa fanfarronice socialista — nos esfalfamos na labuta diária, pagando cada vez mais pesados tributos? Isto é democracia ou cleptocracia demagógica?
É o que significa essa primeira leitura das eleições, dirigida à consciência dos eleitores brasileiros. Ao votar — tirante aqueles desavisados e os irracionais, que os há e muitos — que se atenham a esses aspectos, não se deixem enlear em armadilhas, ouvir  soluções salvadorísticas, esses, como os outros, não passam de sátrapas que, no exórdio de suas retóricas enganosas, só querem alcançar seus objetivos sórdidos com suas falsas promessas.
São as aves-de-rapina na política — como em outros setores da sociedade — que pregam a utopia socialista como salvação do mundo.

CDL/Bsb, 16.08.18

  

quinta-feira, 26 de julho de 2018





A RETÓRICA E A PROLIFERAÇÃO RELIGIOSA



Certa feita — e já não faz tanto tempo — eu e um amigo jornalista investigativo discutíamos sobre a proliferação das denominações religiosas no Brasil. Interessado no assunto, revelou-me que em pesquisa realizada  a cada hora o CNPJ registra uma nova denominação religiosa no Brasil e até fevereiro deste ano contabilizou, só no Rio de Janeiro, 21.333 organizações.
O feito não só nos assombra pela quantidade, mas também de certo modo desmoraliza a Religião como fator integrante da cultura humana. É de estarrecer como as seitas religiosas se multiplicam na sociedade, notadamente nas árias periféricas, ao que tudo indica onde o conhecimento e a cultura são parcas, as pessoas sem grandes luzes para discernir a verdade do sofisma, mesmo em matéria de religião. Sem falar que também vicejam nessas áreas inúmeras correntes ditas espiritualistas, como Budismo, Nova Era, Teosofia, Sacha-Noi-É, Umbandismo, Candomblés, Xamanismo, Espiritismo e quejandos.
Para se ter uma ideia de como essas noveis seitas perderam o senso, observem-se algumas com nomes esquisitos: Funerária Marcos de Jesus; Associação Missionaria Boneka; Igreja Missionária As Bordas do Inferno; Igreja Protestante Escatológica (funcionando na casa de seu fundador); Ministério Alfa Ômega; Associação de Deus Derrubando Muralhas em Irajá; Ministério Para que Ele Cresça; Igreja Pentecostal A Marca do Sangue.
Bem a propósito desse verdadeiro derrame de seitas — o que não é privativo do Brasil, mas do mundo — em minha pauta de leitura tenho o livro O Mundo e Eu do escritor maranhense João Mohana, já falecido, mas ainda uma referência em matéria religiosa, sendo ele vigário e psiquiatra. O educador disseca, com grandeza e eficiência apostólicas, o tema  Cristianismo, enaltecendo suas qualidades e demonstrando tratar-se de o melhor caminho para o crescimento espiritual do ser humano, perdido num mundo desnorteado e sem sentido verdadeiro do que seja sua vida.
Tenho de mim, para mim, que a religião tem dado margem a tal desmando por uma razão: o que se poderia eufemisticamente dizer o uso e o abuso da retórica na religião. Explique-se. Retórica é uma técnica milenar, vem do grego rhêtorkê, do substantivo rhêtor (orador) que significa a arte de usar a linguagem para se comunicar persuasivamente. Teria nascido na Sicília, introduzida na Grécia por Geórgias, um grande sofista. Seria a arte de falar bem, movimento criado pelos filósofos chamados sofistas, aos quais  em toda vida se opôs veementemente o grande Sócrates. Aristóteles teria sistematizado a Retórica, como um dos elementos chaves da filosofia junto a Lógica e a Gramática, apenas segundo aquele filósofo a Retórica envolvia-se com assuntos práticos, ou seja, relativos à vida pragmática, enquanto a Dialética,  também meio de comunicação, mas em termos teóricos, buscava a Verdade.
Ora, na verdade, a antiga Retórica Aristotélica evoluiu com o tempo, já sob a influência do iluminismo,  para se transformar num sistema de Persuasão  e modernamente, mediante oratória especializada, acabou se transformando num canal de Propaganda — pelo qual as pessoas tentam, com argumentos hipotéticos e fantasiosos alcançar seus objetivos falaciosos, criando seitas as mais absurdas. Nos Evangelhos, o Mestre designou essa trupe de falsos profetas. Pois são esses modernos sofistas que enxameiam o mundo dessas seitas supostamente miraculosas, inclusive as que pregam o enriquecimento pessoal em nome de Deus. As pessoas são sugestionadas por essas seitas através da persuasão dos tais “obreiros” com suas oratórias encantatórias — isto é o que denominamos a nova Retórica.
É nessa retórica de persuasão que muita gente, até mesmo com certo grau de conhecimento, se vê envolvida e acabam sendo porta-voz de conceitos e teorias sem fundamento aceitável. Muitas dessas falácias, geradas no seio dessas fantásticas seitas, são frutos do deslumbramento pessoal, conhecimentos errôneos, falta de bagagem cultural e acreditar na doutrina da desmaterialização ideológica do ser humano, discordante das verdades crísticas e filosóficas.
CDL/Bsb, 27.07.18