domingo, 14 de julho de 2024

 

O PODER GLOBAL E A NOVA

RELIGIÃO UNIVERSAL

 

 

 


 

 

 

 

Falemos hoje sobre assunto que vem causando tumulto em nosso País e em todo o mundo — a chamada Nova Ordem Mundial, ou em inglês New Word Order (NWO). O tema é discutido em todas as áreas, sob parâmetros os mais diversos, embora obtusos, pelo menos do ponto de vista ético-político.

Afinal, o que é essa tal Nova Ordem Mundial (NWO), como surgiu, quem são os pais desse fenômeno, que surge para equalizar todas as nações, com a fantasia de transformar o mundo, melhorar as condições de vida e  efetivar de fato a “aldeia global”, sonho do filósofo e comunicador canadense McLuhan na década de 1960?

Na verdade é um conjunto de ideias e procedimentos que vem sendo corriqueiros nos meios mediáticos. Faz parte das conspirações que, hoje, viralizam nos principais meios políticos internacionais e que visam nada menos do que implantar a globalização mundial.

Segundos pesquisadores, não se trata de uma ideia nova, retroage a tempos quase imemoriais, agora, naturalmente revitalizado sob novas e fascinantes vestes, graças à modernidade que nos tem ilustrado nosso tempo, onde tudo é possível e realizável. Se consultarmos os alfarrábios, a NWO é nada menos que, em outras roupagens, as velhos utopias, com que sempre tm sonhado os seres humanos. Desde Platão, quando erigiu sus famosos diálogos em A República em 360 aC. Em 1516, na Inglaterra a famosa Utopia de Thomas More. Também em 1580 com o sonho dourado de Tommaso Campanella. Também de Francis Bacon com sua Nova Atlantis em 1680. Ou ainda de Rabelais, com sua Gargântua e Pantagruel, em 1653. Também de Fénelon, 1699 nas suas Aventuras de Telêmaco. E se pesquisarmos mais fundo vamos encontrar uns cem números de outros sonhos utópicos na historiografia mundial. Modernamente o escritor inglês de  ficção científica H.G. Wells, em 1906 com sua Utopia Moderna, George Orwell com 1894, em 1949, a Ilha, de Aldous Huxley, em 1962, as Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino em 1972 e a Odisseia Final, de Arthur Clarke, em 1997.

A NOM seria talvez a mais recente modalidade do utopismo, pois sob o embuço de transformar o mundo, na realidade pode se tornar virulento instrumento de escravização da humanidade. Além de ser a teoria conspiratória de maior audiência no momento..

Pode-se dizer que o gatilho preparatório para implantação da Nova Ordem seria o que ventila pelo mercado ideológico como Nova Era. Sem falar que decorre das fantásticas teorias conspiratórias que veem atemorizando o mundo, multas falsas, mas sempre capazes de influenciarem o ainda frágil pensamento humano. Não teria sido essa a razão do desconstrutivismo gerado dede 1990 com a chamada contracultura?

Utopia, Nova Ordem Mundial, Nova Religião — tudo são, digamos, farinha do mesmo saco, ingredientes que compõem o maquiavélico construtivismo? Aquele mesmo movimento indigesto supostamente filosófico, apregoado a quatro ventos pelo filósofo francês Jacques Derrida?

O aforismo geral é de que a tal nova Nova Ordem Mundial se trata de um movimento natural e essencialmente progressista, espécie de condição mágica a solucionar todos os problemas da humanidade, sociais, políticos, econômicos e até religiosos. Sim, porque um dos ditames subliminares reinantes entre seus adeptos é de que “...no fundo todas as religiões são iguais.”

Tirante as inúmeras versões conspiratórias — maçonaria, iluminati, Protocolo Sábios do Sião, Round Table, quarto Reich, invasão alienígena, Brave New Word, vigilância maciça, ocultismo, controle populacional  — o certo é que todas são anomalias que se propagam e alcançam admiradores.

É preciso, pois, que nos acautelemos todos contra essas  malversações ideológicas. E por se tornar a mais virulenta de todas por interferir na espiritualidade do ser humano, colaborando para sua descrença na Religião e responsável pela viralização do ateísmo no mundo, é sem dúvida, a nosso ver a chamada NOVA ERA.

E uma coisa que as pessoas menos avisadas não sabem, fazem vista grossa, é que essa dita Nova Era, falsamente voltada para um tipo de  espiritualidade, tem sido na verdade campo propício de que tem valido o joio gramisciano, pelo qual se espalha a ideologia marxista, o veneno mais insidioso que vem esfacelando toda a base da cultura judaico-cristã, responsável pela implantação do processo civilizatório da humanidade

 

                                                   Bsb, 14.07.24

quarta-feira, 10 de julho de 2024

 

LEIBNIZ  E  SUA  ODISSEA DIVINA

     

 

                                   

                                      
                                                                                                                 Murilo Moreira Veras                       

 

Nossa civilização, dita avançada, hoje sob a batuta dos cientistas e difundida a quatro ventos pelas mídias, tenta por todos os meios, atos e fatos nos fazer crer que a fé está ultrapassada e que agora o que prevalece é o raciocínio humano. Aliás, G.K. Chesterton, no século passado já nos advertia sobre isso em seu livro O Que há de errado com o Mundo, mostrando como ideias modernas têm transtornado nossa civilização.

O fato não deve nos estranhar, pois, muito antes, no século XVI, Gottfried Wilhelm Leibniz já tratava sobre esse assunto nos seus escritos, recolhidos em seu fantástico livro Ensaios de Teodiceia, no qual, através de assertivas e argumentos contundentes, conclui que a razão alimentada pela ciência não contradiz a fé. A religião, enraizada na fé verdadeira, não invalida  nem se sobrepõe aos cânones científicos.

Polímata que foi como filósofo, jurista, matemático, cientista, físico e engenheiro, Leibniz se notabilizou por gerar conceitos, além de ter se tornado um dos maiores defensores da existência do Criador, já aquela época, quando os enciclopedistas iluministas ousavam desmoralizar a fé religiosa, com seus alvedrios estapafúrdios em favor da ciência que haveria de dominar o mundo e livrar o ser humano da ignorância e do atraso. Foi o que fizeram Diderot, Rousseau, Voltaire, D’Alembert, Condillac, Louis de Jaucourt, Descartes e outros supostos baluartes do cientificismo ascendente, considerados os corifeus da modernidade.

                Em seus ensaios de Teodiceia, Leibniz comprova, com absoluta sensatez de raciocínio e logicidade, que o Criador não só não joga dados, mas faz muito além da perspectiva eisensteiniana — criou todas as configurações notáveis do universo de tal forma a condizerem com o surgimento do ser humano na Terra, fato, aliás, que se manifesta traduzido no que chamamos hoje princípio antrópico, segundo o qual o universo favorece a existência do ser humano na Terra, ao propiciar-lhe todas as propriedades e requisitos necessários à sua existência. Ora, quem propiciou tai requisitos senão o próprio Criador?

Em certo excerto de sua Teodiceia — termo inclusive criado pelo próprio Leibniz – ele afirma: Até que ponto a fé e a razão estão em conformidade e até que ponto a sabedoria mundana pode ser empregada na doutrina divina? Pressuponho que duas verdades não podem se contradizer e que o que é relativo à fé consiste na verdade que Deus revelou de maneira extraordinária; mas a razão não é senão uma cadeia ou conexão de verdade, particularmente aquelas (quando se deixa a fé de lado) que o entendimento alcança com as suas próprias forças, sem o auxílio da revelação.

 

Tirante alguns cientistas hoje que ainda são criacionista, como Michail J. Behe, bioquímico católico, autor de A Caixa Preta de Darwin,  a  maioria são pragmáticos, acham que a razão, o conhecimento adquirido pelo  ser humano se sobrepõe à fé e, portanto, a religião está ultrapassada. Observe-se que o próprio Einstein, ao contrário do que muita gente desavisada pensa, nunca disse que era ateu, mas, sim, acreditava nos postulados de Espinosa, isto é, que Deus era a natureza. Outro exemplo, é o caso do entólogo britânico, evolucionista contrito, que até pouco tempo se batia contra a religião, pois acaba de anunciar na  rádio britânica LBC em abril que ele se sente culturalmente cristão.

É de vê-se, assim, que Leibniz e suas arguições continuam em vigor, com seu raciocínio brilhante, com que não só prova a existência de Deus, Criador do universo, mas adota posição das mais instigantes — de que, segundo suas próprias palavras:

Deus escolheu o melhor de todos os universos possíveis

Dessa forma, se o menor mal que acontece no mundo não tivesse lugar, não seria mais este mundo, o qual tudo contado e calculado foi considerado.

Não há, pois, como negar, com base em argumentos fortalecidos por esse extraordinário polímata da idade média, que foi Leibniz, que nós outros, embora por vezes incautos e vacilantes na pouca fé que ainda alimentamos, vivemos no mais possível dos mundos, aquele escolhido pelo Criador cuja inefabilidade se encontra além de nossa pobre capacidade por mais inteligente e maravilhosa que seja.

 Bsb, 10.07.24

 

 

 


 

 

sexta-feira, 31 de maio de 2024

 

O FIM DA INFÂNCIA — UTOPIA

OU MATERIALISMO CIENTÍFICO?

 

 


 

Dou-me tratos à bola ao resolver criticar o livro de Arthur C.Clarke, O Fim da Infância, considerado o tour-de-force dos romances do autor dentre o portfólio de dezenas de outros que escreveu, enquanto em vida.

O livro foi elogiado, inclusive pelo escritor cristão C.S.Lewis, que lhe fez loas por sua previsão de que o ser humano jamais devia trocar sua liberdade  por favores de seres alienígenas.

O centro nevrálgico do livro de Clarke, a nosso ver, é a invasão da Terra por seres alienígenas que, de forma estupefaciente, se apoderam do mundo. Ao contrário do imaginável, os invasores não cometem nenhuma atrocidade, como previsível, ao contrário, tomam o poder de maneira silenciosa, inclusive sob regime democrático, a ponto de melhorar as condições do povo.

Em contraponto, o comando do mundo fica sob as ordens de um tal Overlords, ser na verdade invisível. Ele supervisiona tudo, mas sempre visando a  melhorar as condições de vida das pessoas, das nações, com leis e normas que  preveem o progresso, sobretudo o conhecimento científico. Entretanto, há fatos que são proibidos, fazer guerras ou criar algo que não seja aprovado por este Ser invisível. Em outras palavras, o povo, as pessoas, não passam doravante a serem uma espécie de escravos limpos, isto é, sem vontade própria, o que significa a despersonalização das pessoas.

Ora, o autor,  apesar de toda sua qualificação até como especialista, pois cooperou na construção de artefato cosmológico, ao  escrever esta novela O Fim da Infância, parece,  a nosso ver,  imitar outro fabulador notável Aldoux Huxley, com seu Admirável Mundo Novo  e seu guardião geral o Big Brother, a comandar as pessoas e o mundo todo — este com mão de ferro e o  Overlords, espécie de Bom Irmão. Ambos não passam de ditadores.

Clarke narra essa novela pouco a pouco com a desenvoltura de um , grande autor o que ele sem dúvida o é. Seu objetivo é tentar persuadir o leitor sobre o realismo de sua ficção científica. Não me parece o faça. Algumas ocasiões ele parece ignorar que escreve ficção científica e acaba narrando um romance ficcional, com certos efeitos novelísticos, basta verificar a quantidade de diálogos e descrições. Algo parecido com o estilo que usou em outro de seus livros —  O Último Teorema, escrito em parceria com Frederik Pohl.

Entremos um pouco no enredo do livro. Para combater Overlords, o manda chuva e inimigo da humanidade, as pessoas insatisfeitas com a situação criam a Liga da Fraternidade (Freedom League), para combatê-lo e libertar o mundo de sua tirania. Na realidade, a Liga não consegue êxito, pois o povo se encontra feliz, pelo simples fato de a suposta tirania trazer paz e segurança ao mundo. Como manobra política e espécie de isca na trama, Karellen,  representante de Overlords,  resolve raptar Stormgren, o Secretário Geral das Nações Unidas, para conter qualquer reação da parte da Liga.

Acontece que essa novela de Clarke foi escrita justamente à época da Guerra Fria, causada pelo estremecimento entre os Estados Unidos e a Rússia Soviética, com consequências graves para todo o mundo, por medo de que as duas potenciais armadas se lançassem numa guerra suicida, para ambas as nações e o mundo.

O que nos assusta nesta novela dos idos de 1950 é que sua temática tenha atraído a atenção de muitos escritores, inclusive C.S.Lewis, que defendia o cristianismo, ele recém-aderente à igreja anglicana. Ora, na realidade Arthur C. Clarke não parece nada interessado no cristianismo, ele próprio assume  ideias budistas, basta atentarmos para muitos dos entrechos e especulações extraídas de sua novela — não só nesse livro, mas quase todos os publicados, inclusive a série Rama, de muito sucesso.

Salvo engano, em O Fim da Infância o autor em nenhum momento sugere que os terrestres, sob a tirania dos invasores alienígenas, mesmo sem usarem a força, digamos que pacíficos, a troquem por um regime de orientação crística, cristã ou evangélica — tanto que os humanos estão satisfeitos com o regime imposto pelos invasores. Penso justamento o contrário, os supostos escravizados querem é aprender cada vez mais com os invasores, desfrutarem de mais conhecimentos científicos, serem iguais a eles, nada de religião, que significa, isto sim, atraso, ignorância, até insinuam a  fazerem guerras.

Aliás, para sermos fiéis, o mundo, nossa civilização atual, tudo faz crer  caminhar para um futuro, onde prevalecerá o cientificismo, haja vista o desenvolvimento inaudito da IA, com a proliferação de robôs, ditos humanoides e outros artefatos modernos de tirar o fôlego, holografia, teletransporte, viagens espaciais, guerras intergalácticas e que tais, itens já explorados no cinema, mídia, literatura e afins.

E o que não vemos, nem nos aponta o futuro, é nos tornamos uma civilização solidária, onde prevaleça a paz total, as pessoas alcancem nível superior em transcendência, acreditem mais no Criador Supremo e ascendam espiritualmente em sabedoria, amor e harmonia.

                                                       Bsb, 31.05.24