segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

                        SINODALIDADE — GLOBALISM0

               CRISTÃO?

 




O movimento hoje de maior alcance no Vaticano, à égide do Papa Francisco, chama-se Sinodalidade — o tal Caminho Sinodal da Igreja.

Ora, o problema é que nós, leigos, não sabemos realmente o que é a sinodalidade. A CNBB expediu boletim aos fiéis, mas parece não ter convencido ninguém, pois não constitui segredo a nós, católicos, que essa entidade age em função da Teoria da Libertação, como é sabido e notório, inclina-se ou tem tendência socialista, no mínimo.

Segundo o Vaticano, às ordens do Papa Francisco, trata-se de um sopro, que, na sua visão, renovará de certo modo a Igreja, que, segundo ele, não atende às necessidades e exigências da modernidade, sociais e até espirituais. Entre os apoiadores do Papa, a providência torna-se urgente, como um esforço renovador decorrente do Vaticano II, tutelado pelo Papa João XXIII.

Segundo essa nova filosofia, o processo sinodal, gerando espécie de dogma, teria suporte até na Bíblia, segundo o que consta em Isaias 43, 19, como segue:

Vejam o que estou fazendo uma coisa nova, ela está brotando agora  e vocês não percebem. Sim, abrirei um caminho no deserto e rios na terra seca.”

Para esses apoiadores a sinodalidade abriria o caminho para ação do próprio Espírito Santo. Foi como se expressou o Cardeal Mário Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Já Thomas J. Reese, ex-editor da revista América dos jesuítas dos EUA, autor do livro O Vaticano por Dentro, em artigo publicado pela National Catholic Reporter (3.11.23), sobre o relatório final do Sínodo, assinalou  os seguintes pontos:

a)    evitou-se a LGBTQ;

b)    o debate sobre as diaconatas não teve êxito;

c)    padres casadso teve pouca atenção;

d)    importância do ecumenismo e cooperação.

Havia também os riscos de ser um evento extraordinário, mas apenas de fachada, assim como cair no intelectualismo, apresentação de textos polêmicos, intervenções de problemas sem solução na Igreja. Por fim, não mudar nada, criando situações novas, insolúveis.

Ocorre que dentre o corpo cardinalício da Igreja, o evento encontra grandes resistências. Logramos assinalar as seguintes: Raymond Leo Burke, bispo e cardeal patrono da Ordem Militar Soberana de Malta; Walter Brandmüller, cardeal alemão; Juan Sandoval Iñigue; Robert Sarah, Prefeito emérito da Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano; Joseph Zen Ze-Kiun, bispo de Hong-Kong; Carlo Maria Viganó, núncio apostólico emérito dos EUA. Pois esse elenco do alto clero católico, inconformados, dirigiram carta  ao Papa, solicitando respostas a temas controversos. Os temas giraram sobre (a) interpretação dos Evangelhos; (b) abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo; (c) ordenação de mulheres; (d) arrependimento é necessário para a absolvição.

Vale dizer que  a reposta do Papa não satisfizeram as exigências de seus oponentes, pois todos continuam insatisfeitos, principalmente o caso de Carlo Maria Viganó, que se opõe totalmente contra as atitudes do Papa Francisco, solicitando sua demissão imediata. Como resposta, o Papa o excomungou como cismático.

A situação tem se agravado, gerando cada vez mais  nossa desconfiança quanto às atitudes extravagantes do Papa Francisco. Segundo o youtube, com cerca de 4,16 mil inscrições, o Pontífice vem fazendo  declarações inauditas no decorrer seu pontificado.

Atento que somos quanto a todas essas discordâncias, embora leigo a aspectos mais profundos da teologia católica, resta-nos a esperança de a tal sinodalidade não se transformar em mais um pleito a favor do globalismo anárquico no mundo, do que realmente uma ação renovadora arraigada nas Escrituras.

                                            Bsb, 10.2.25

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

                   

                           A  INTELIGÊNCIA  ARTIFICIAL  MORALIZANTE

 




 

Ás vezes quedo-me a pensar que o mundo, ou as pessoas, mudaram tanto, o modo de viver, de pensar. Dir-se-á que são as transformações por que as pessoas passam ou passaram, que vivem de acordo com as mudanças, o avanço das novas tecnologias, as descobertas científicas. Tudo isto influi na vida e na cabeça das pessoas, também no seu habitat

Será que melhorou este nosso velho mundo? Tenho cá minhas dúvidas, talvez em razão da idade e do desconcerto quanto a ousar deglutir todas estas maravilhas que nos traz a modernidade. Então nos advêm as recordações de antanho, aliás, nem tão antigas assim.

O que mais nos impressiona é o comportamento das pessoas hoje, tornam-se dispersivas, reprimem seus pensamentos, vivem e praticam o individualismo, espécie de os outros são os outros, eu sou o dono do mundo, sempre na defensiva. Seria influência de tanta tecnocracia, modernidade?

Então já estamos vivendo o futuro?

Não é novidade que estamos sob a suspeita da viabilidade da Terceira Guerra Mundial — o estopim talvez seja o Oriente Médio.

Em contrapartida, vislumbramos algo que talvez possa melhorar esse nosso mundo — e, por incrível que pareça talvez por intervenção da própria ciência. Refiro-me à tecnologia mais recente que é a Inteligência Artificial – IA.

Claro que tudo depende da própria inteligência humana em saber manipular esse invento. Sabe-se que o formidável artifício não passa de uma ferramenta, como o é o computador, o celular e inúmeros   outros instrumentos, hoje imprescindíveis  devido os fins a que se destinam.

Os robôs, hoje em fabricação comercial, podem se tornar os melhores artesãos do progresso, desde que sua atuação se destine estritamente a ajudar o ser humano, isto é, que esses entes   automáticos cumpram os propósitos para os quais foram criados — auxiliares mecânicos do progresso.

O grande escritor de ficção, Isaac Asimov, já nos prevenia da possibilidade do avanço negativo dos robôs, tanto que foi ele que criou a Lei do Robô — de que essas máquinas jamais passariam de simples auxiliares. A preocupação de Asimov seria esses autômatos se rebelarem e  ultrapassarem a inteligência humana, adquirindo vida própria. Espécie de Frankenstein criado por um cientista maluco.

Pensamos que IA poderia ajudar na melhoria desse nosso conturbado mundo, quem sabe até como auxiliares da moralidade. Poderiam lutar contra atos e fatos negativos, tornarem-se protagonistas contra atos de guerra, por exemplo, concorrendo através de fluxos artificiais para o aperfeiçoamento da própria mente humana, colaborando de alguma forma para que as pessoas aspirassem praticar mais o bem do que o mal, se dedicarem ao lazer. Quem sabe até auxiliá-los na prática do estudo, clarificando suas mentes. E o que não seria um absurdo, auxiliassem as pessoas a se  harmonizarem mais com as coisas do espírito do que as da matéria, nas suas horas de lazer. Tornar-se iam por assim dizer auxiliares moralistas dos seres humanos, evitando-os a não se embrenharem no puro materialismo.

A propósito, o mesmo Asimov num livro sobre robôs, nos relata que um deles por se apegar tanto ao seu proprietário, durante anos,  resolve se tornar um ser humano. Submete-se a todas as transformações possíveis, mas não consegue, por impossível. Amargurado ele decide ser destruído.

Prova incondicional de que a criação do ser humano só Deus o faz — o resto é cientificismo irrelevante.

Bsb, 1.02.25                

 

 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024


                    INFORMAÇÃO  AO  CRUCIFICADO

POR UM MUNDO APENAS POSSÍVEL

 



É impressionante como nos tempos atuais e no passado recente, o mundo parece virado aos avessos. Perdão, não se trata do mundo em si, mas das pessoas, dos entes humanos que habitam este nosso novo velho mundo.

Por exemplo, atentemos para o nossos País, até ontem, há três ou quatro anos, parecíamos pessoas mais felizes, enfrentando seus problemas com certa dignidade. Hoje, por incrível que pareça,  sobrevivemos numa espécie de hospício.

Retifico — não é o mundo que mudou, ele continua biológica e naturalmente igual, mudaram, sim, os seres humanos que nele habitam. Desde que o australopithecus chamado Lucy, numa perseguição em que acossada por feras, ela em fuga com sua tribo olhou para trás, para ver quem os perseguiam — esse extraordinário ato transformou-a de botocudo a um ser inteligente. Seu cérebro deu um salto miraculoso, passa ao estágio de ser racional.

Será que o mundo, a natureza degringolou, reviradas as leis áureas que a sustenta? Ou foi nós, seres humanos, que mudamos e para pior?

Ora, biologicamente os seres humanos continuam e continuarão seres inteligentes, seu cérebro a maior máquina de raciocínio entre todas as espécies possíveis. Mas então a que se atribui esses protótipos de inteligência incomparável se tornaram tão medíocres, a cometerem erros até mesmo vergonhosos?

Observe-se hoje o que ocorre em nosso País. Vive-se sob um regime político chamado de democracia, mas, de repente somos proibidos de expor nossos pensamentos, o livre pensar e se expressar podem nos levar à prisão, ordenada pelo órgão supremo da magistratura, temos que obedecer ao que a alta corte nos impingir, embora saibamos que a Constituição da República nos proteja pelo art. 5º VI da Carta Magna de 1988.

Hoje em dia, com a suposta evolução  da civilização e todos os artefatos e aparatos de que a ciência tem construído, as descobertas até agora conseguidas, inclusive a fantástica atuação da IA e a massificação midiática, as chamadas redes sociais, as quais nos tem propiciado o livre pensar das pessoas, portanto baluartes da liberdade de expressão.

Por incrível que pareça, nossas autoridades jurídicas e criminais querem sufocar essa liberdade de expressão, pressionando o Congresso a  fazer valer tal proibição.

O que mais nos envergonha nesse furor de punição é que vige um silêncio total na sociedade, pensadores, juristas, professores, filósofos e pesquisadores — em silêncio, quase absoluto. Todos calados, sob a suspeita de que qualquer voz contrária é uma ofensa à democracia — porque assim estabelecem esses defensores inauditos da democracia. Tudo o que for dito ao contrário, se não se apaniguar com esses supostos guardiões da democracia, são vozes extremistas, golpistas, direitistas e considerados até nazistas.

E é assim que todos ficam calados — espécie de silêncio oficial dos inocentes. E acreditem o propagador maior dessa amordaça, por incrível que pareça, é a mídia falada e escrita, em vergonhoso contubérnio com esse autoritarismo oficial. Vejam só, a mídia cujo papel de informar corretamente os ouvintes transforma-se num veículo oficioso em defesa do autoritarismo, quando poderia tornar-se um canal em defesa do direito e do livre pensamento.

Ora, nós que somos livres pensadores,  lutamos por um mundo, não o melhor, porque impossível, mas o possível, aquele propiciado e defendido pelo grande pensador Leibniz.  Acreditamos na justiça, auguramos por uma sociedade  que respeita a justiça, sob a égide da moral e  estética, consoante os padrões dos  grandes e imortais pensadores — Platão, Sócrates, Aristóteles, Sto. Agostinho, São Tomás de Aquino, Raimundo Lúlio,  Gottfried Wilhelm Leibniz e outros do mesmo gênero. Por isso não podemos aceitar tais aleives impingidos às pessoas, se forem cidadãos honestos, cumpridores de seus deveres cívicos.

Muito a propósito, não podemos deixar de registrar uma voz que se ergue contra esses descalabros aos habitantes da nossa antiga Pindorama — Prof. Ives Gandra. Em pronunciamento recente no you tube, o Mestre ergueu sua voz contra esse estado de coisas, alertando-nos para os seguintes fatos:

i)               Uma nação vive de fatos, não de narrativas;

ii)             Temos de diminuir as radicalizações;

iii)            O governo atual não tem nenhuma criatividade;

iv)            O Presidente deve ser do Brasil, não de sindicatos;

v)             Queremos um Brasil melhor do que o que estamos vivendo;

vi)            Servir é a verdadeira razão do poder.

 

Tais observações provindas de quem as pronunciou são sinais de que as coisas não vão muito bem com este governo — espécie de algo de podre ocorre no reino da Dinamarca, transportável também para nosso País.

Aliás, verdade seja dita, a advertência é extensiva ao mundo, às nações, haja vista o que ocorre em termos geopolíticos, fatos equivocados, revoluções em várias nações, contendas internacionais, atos e ocorrências constrangedoras, em termos de governança, improbidade e sobretudo falta de bom-senso.

De outra parte, a  falta de virtude e coerência desse ente, o ser humano atual,  alcança tal ponto de insensatez  que pensamos ter ele  já  perdido a razão.

 

                                                        Bsb, 28.12.24

 

segunda-feira, 25 de novembro de 2024


                   



               

                                  ADVENTO

                             

                                            Murilo Moreira Veras

Vinde

— é tempo de Devir

Tempo do Adento

Um Menino nascerá

no seio de Maria-Mãe

a manjedoura como leito

estrela magnífica iluminará a Terra

 

— é a grande Esperança do Mundo

Então, novo Reino se erguerá

Nos olhos do Menino

a vida renascendo

 

Vinde

Vejam todos

 

É o Menino que se torna Rei

enquanto decai o universo

diante da glória do Salvador-Menino

o pequenino que há de salvar o mundo

 

Quo Vadis, Domine?

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida

Quem salvar o Salvador

salvará o Mundo

Haja Céu

Haja Luz

 

Veja

Vinde todos

 

— é Jesus.

 

 

               

L’ AVENEMENT

 

                             Murilo Moreira Veras

 

Venez

Voiez

Regardez tous

 

— il est temps pour L’ Avenement

Un garçon naîtra au sain de Marie-Mére

La mangeoire comme lit

Étoile magnifique iluminera la Terre

— c´est le grand espoir du monde

Alors le nouveau royaume va s’élever

— aux yeux de l´enfant la vie est née.

 

Venez

Voiyez

Venez tous

              

                   C´est le garçon que devian Roi

à mesure que lúnivers se décompose

devant la Gloire du Garçon-Sauveur

 

le petit qu’il y a

pour sauver le monde

 

Quo Vadis Domine?

Je suis le Chemin, La Verité e la Vie

Celui que sauve le Sauveur

Sauvera aussi le monde.

 

Que le ciel soit lá

Qu’il y a la lumière

Venez tous

 

— C’est Lui Jesus.

 

 

 

sexta-feira, 18 de outubro de 2024


                      O   DECLÍNIO   DA   CULTURA

  — O MUNDO MELHOR OU PIOR?

 



Não há como negar, o mundo vem se transformando inequivocamente num imenso catatau de cultura Woke, à luz daquela expressão americana, que ressuscita a contracultura, ou seja, a proclamação da liberdade absoluta, primeiro aos jovens, agora espalhando-se para todas as idades.

Fato inimaginável ocorreu ontem 17.10.24 em plenário de apresentação cultural na Universidade Federal do Maranhão – UFM, a título de performance, uma suposta professora, que se dizia trans, faz uma palestra que acabou na apresentação ao vivo de uma cena sexual “... mostrando os glúteos durante a mesa redonda. Não satisfeita, ... dançou e cantou uma música com letra erótica. Tudo isto para promover um novo movimento intitulado Dissidências de gênero e sexualidade. Tudo isto como parte de um programa, dito cultural, do Grupo de Pesquisa Epistemológica da Antropologia.

Pensemos nós, leigos, ainda raciocinando. Esse fato, sem dúvida, indecoroso, para não dizer imoral, o que tem a ver com Epistemologia e Antropologia? A imoralidade, não só virtual, mas real, ali para todo mundo ver, de certo até menores na plateia, quem sabe — isto para a UFM integra matéria ínsita na Epistemologia e na Antropologia? Ora, isto não passa de ato indecoroso, transtorno sexual ao vivo. As Universidades Federais, que consomem verba pública, isto é, dinheiro do povo, em vez de oferecer a educação correta aos alunos agora ensina atos sexuais e chama isso de Antropologia e Epistemologia?

Pela madrugada, tenham a santa paciência, tudo isso não passa de torpeza, ignorância intelectual, que nada tem a ver com cultura universitária, tampouco com a cultura em si, fundamento civilizatório.

Sabem de onde provém as universidades atuais, pois consultem os alfarrábios, minha gente. São organizações antiquíssimas, desde a Idade Média, fundada por grandes intelectuais, mestres, sábios, membros da Igreja Católica. A Patrística é a fonte de onde se originaram as universidades, elenco das prendas universais de conhecimento e cultura. Ali meditavam os monges e dessa fonte de saber tem se abeberado até hoje as universidades como centros de aprendizagem cultural, conhecimento e saber.

O fato ocorrido num centro de atividades de ensino, não há negar, tinge não só a UFM, onde aconteceu. Alastra-se por todo o Maranhão, um dos estados  onde se falava o melhor português e pior, o que nos assombra, mais nos envergonha, deslustra a tão falada ATENAS BRASILEIRA, onde uma plêiade de escritores de grande saber, engrandeceram o estado, a terra onde nasceram vultos notáveis, João Francisco Lisboa, Gonçalves Dias, Coelho Neto , Humberto de Campos e os mais novos Catulo da Paixão Cearense, João Mohana, Ferreira Gullar, Lago Burnett, José Louzeiro e que tais.

 

Bsb, 18.10.24

 

 

 

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

                    

                                     SANTA  TEREZA D’ ÁVILA

 



Nascida Tereza Sánches de Cepeda y Ahumada,  Tereza D’Ávila (1515-82) foi credenciada santa da Igreja Católica do Século XVI, tendo deixado legado de espiritualidade. Adolescente envolveu-se em vida mundana. Seu pai a internou num convento, onde acabou se convertendo. Foi considerada Doutora da Igreja pelos serviços prestados à Igreja, assim como pelo seu legado doutrinário.

Dia 15 de outubro é o dia em que Igreja consagrou para homenagear a grande apóstola de Jesus.

A título de nossa homenagem à grande Santa da Idade Média, transcrevemos a seguir soneto, que acreditamos de sua lavra, pelo conteúdo espiritual, considerado obra-prima da literatura:

 

SONETO A CRISTO CRUCIFICADO

 

No me mueve, mi Dios, para quererte,

el cielo que me tines prometido,

ni mi mueve el inferno tan temido

para dejar poreso de ofenderte.

 

Tú me mueves, Señor, muéveme el verte

clavado em uma cruz y escarnecido,

muéveme ver tu cuerpo tan herido,

muéveme tus afrentas y tu muerte.

 

Muéveme, em fin, tu amor, y em tal manera,

que aunque no hubiera cielo, yo te amara,

y aunque no hubiera inferno, te temiera.

 

No me tienes que dar porque te quiera,

pues aunque lo que espero no esperara,

lo mismo que te quiero te quisera.

 

Eis a tradução de Wanderson Lima:

 

Não me move, meu Deus, para querer-te

o ceu que me hás um dia prometido,

e nem me move o inferno tão temido

para deixar por isso de ofender-te.

 

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te

cravado numa e escarnecido,

move-me ver teu corpo tão ferido,

movem-me o insulto e a vida que perdeste.

 

Move-me teu amor, de tal maneira,

enfim, que sem céu ainda te amara

e a não haver inferno te temera.

 

Nada me tens que dar porque te queira.

E se o que ouso esperar não esperara,

o mesmo que te quero te quisera.


Bsb, 15.10.24

 

 

 

 



                     







sexta-feira, 4 de outubro de 2024

                     A SANTA JUDIA — DEFENSORA DA FÉ

 




Apaz-nos discorrer, hoje, nada menos do que sobre uma judia alemã, convertida ao catolicismo — trata-se de Edith Stein (1891-1942). Era freira carmelita e teve fim trágico: trucidada nos fornos nazistas.

Em boa hora o Papa João Paulo II, em 1998, proclamou a canonização de Edith Stein, como Santa Tereza Benedita da Cruz, também  devido  seu holocausto pelos nazistas, coprotetora da Europa, juntamente com Joana d’Arc. Portanto, a memória da freira, santa sacrificada pela fúria hitlerista, além de seus dotes como filósofa, torna-se marte de toda a Europa.

Stein especializou-se na filosofia de Alfred Husserl, filósofo de quem foi discípula, cuja filosofia ela inovou criando uma espécie de ramo da teoria Husserliana, que seria a filosofia da empatia, ou seja, uma antropologia filosófica específica para a alteridade em relação ao outro, que seria o próximo, dentro do conceito da teologia católica, tendo como base o sistema filosófico de Husserl.

Embora seja original a concepção da filósofa católica, de caracterizar sua filosofia na pessoa humana como representante da alteridade, penso que outro filósofo  pesquisara sobre essa ideia, por sinal, também no período do nazismo na Europa. Seria Emmanuel Levinhas (1906-1995), lituano, inclusive  discípulo de Husserl, mas parece que não no período de Stein.

É de ver-se que, embora as duas correntes filosóficas tenham afinidades, na realidade se diferem, pois Lévinas embora também judeu lituano, não aplica a filosofia da alteridade ao cristianismo, mas à doutrina judaica.

Edith Stein fundamenta-se  em dois pilares originários da filosofia de Platão, Sócrates e Aristóteles —  ética e estética, aos quais acresce os de empatia e mística para construir uma filosofia que explique a condição humana, parâmetros necessários à reorganização da sociedade, ou seja, a melhoria do ser humano na construção de uma nova maneira de pensar o outro, à luz da fé cristã.

De nossa parte, pensamos que Edith Stein está muito próxima das ideias, por exemplo, de Simone Weil e Emmanuel Moutiers, dois filósofos também cristãos. Separa-os apenas a dinâmica da dialética adotada pelos três grandes representantes do cristianismo ao construir seu métodos filosóficos,  inclusive na Europa convulsionada pelo nazismo.

O quanto  importante foram esses filósofos, espécie de profetas equalizadores que nos ensinaram como nos proteger dos perigos de certos movimentos e ideologias apócrifas, conquanto, por outro lado, nos fornecem o caminho das pedras de como nos proteger dessas intemperes sociais, políticas e até religiosas. Principalmente as que os tempos atuais vivemos com seus métodos modernosos, verdadeiras armadilhas que visam  não o crescimento da pessoa humana, ao contrário, atrofiam a essencialidade do Ser, ao reduzir o ente do Ser, torná-lo escravo da frivolidade e do vazio, em termos de vivência realmente humana,.

 Artífice do verdadeiro Ser  foi o Mestre da Galileias, que nos ensinou sobre seu  Novo Reino — ou seja,  o mundo possível de nossas esperanças. Ou como refere  Santa Tereza Benedita da Cruz, o saber viver a Ciência da Cruz — que seria, viver bem com os outros e saber como melhor carregar sua própria Cruz, o sentido da vida, o que somos e para onde vamos.

   Bsb, 5.10.24