TEMPOS MODERNOS E A
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Até
mesmo para confrontar o paroxismo político do momento e nos livrar da
deformação midiática que contamina nossos dias, vem-nos à baila tema condizente
à ultramodernidade de nosso tempo — Inteligência Artificial, IA ou AI –
Artificial Intelligence, em inglês. Dizem os pesquisadores que o assunto é
mais antigo do que se pensa e que na Grécia antiga Arquimedes (287-212 a.C.)
o maior matemático grego já havia concebido uma estrovenga parecida com nosso
moderno computador. Sabe-se, hoje, por exemplo, que o próprio Santo Tomás de
Aquino, pelo século XIII, teria feitos experiências em espelhos, que teriam
dado origem ao que é hoje o cinema, assim como Júlio Verne, no início do
século XX em suas ficções criou o submarino atômico Nautilus. Portanto,
a inteligência artificial também não soe ocorrer como caída do céu, mas, sim,
resultado de experiências, graças à criatividade do ser humano, sua necessidade
de sobrevivência e o espírito inato de evoluir.
Nas
décadas de 70 e 80, fazendo jus às aventuras e também famosas corridas
espaciais entre Estados Unidos e Rússia, o furor em livros e principalmente na
TV eram as divulgações científicas e paracientíficas, matérias relacionadas ao
Cosmo, o Universo, protótipos de naves espaciais, precedendo as viagens
interplanetárias — aquelas ficções em tiras de jornal e HQ dos anos 40, com aventuras
de Flash Gordon e outros similares. Depois de o homem ter ido à Lua,
popularizam-se nas TVs programas como os
de Carl Sagan sobre o Cosmo. Foi a época também que começaram a surgir
os livros de Isaac Asimov,
instigante autor russo americano, autor de cerca de oitocentas obras,
incluindo contos, ensaios e estudos sobre FC, especialmente robôs e uma nova
ciência, a Robótica. E pouco depois, o sensacional filme Odisseia do Espaço,
baseado em livro de Arthur C. Clark, que se tornou um dos maiores
clássicos do cinema e da literatura de FC, influenciadora talvez das inovações
tecnológicas que hoje dominam a nossa modernidade e nosso futuro.
Em
reforço a essas ideias que agora nos inspiram, cai-nos às mãos o pocket-book
de Asimov, em inglês Robot Visions, a versão recentemente publicada com
o título Eu, Robô. De formação bioquímica, Asimov, por sinal falecido em
1992, narra histórias sobre robôs. Apresenta diferentes visões dos robôs, ou
seja, os comportamentos dessas máquinas em face das três Leis que fundamentam a
Robótica — leis estas também por ele criadas. Espécie de três mandamentos
a que ficam sujeitos os robôs: 1º. Não atacar o ser humano e defendê-lo
sempre; 2º. Obedecer as ordens dos seres humanos, salvo quando interfiram na
lei nº 1; e 3º. O robô deve se proteger, respeitada a condição da 1ª
lei.
Nessas
estórias, Asimov narra fatos e ocorrências havidas com robôs, nas mais diversas
situações, comportamentos por eles assumidos em casos estranhos e até absurdos,
como, por exemplo, o caso do robô rebelde e daquele que salva um ser humano —
tudo sob as condições da Lei Magna da Robótica.
Já
noutro livro intitulado Física do
Impossível, o professor de física teórica da City University de Nova York, Michio
Kaku, citando a Lei de Moore, esclarece que a cada 18 meses multiplica-se a
potência dos computadores, portanto seria concebível dentro de poucas décadas
criarem-se robôs inteligentes, apenas como a de um cão ou um gato. Mas outros
cientistas, muito mais ousados — acentua Kaku — asseguram que é possível, sim,
os robôs, movidos por computadores quânticos, superarem a inteligência humana.
E eis
a questão magna. Se no futuro o mundo talvez seja dominado por uma geração de
robôs superinteligentes — digamos como aquele criado pela ficção de Clark em Odisseia
do Espaço — o que acontecerá conosco, os seres humanos? Eles, estas máquinas
perfeitas, mas maquiavélicas, dominarão o mundo? Poderá haver no futuro os
supostos caçadores de robôs rebeldes, como no filme Blade Runners,
visando salvar a humanidade? No caso, prevalecerá os mandamentos da Lei Magna
da Robótica de Asimov? E se essas regras forem quebradas?
Essa
é a lucubração que fazemos, hoje, aliás não tão absurda quanto se pensa, quando
observamos o comportamento de certos seres humanos, dentre cuja malta poderá
perfeitamente nascer um cientista maluco, capaz de criar um exército de robôs inteligentemente
mortíferos para exterminarem a humanidade. No passado recente, um Hitler
esquizofrênico, um Stalin assassino e um Mao-Tse-Tung torturador,
quase incendiaram o mundo com suas mentes e ações abomináveis.
Bsb, 1.03.20