ESBÓRNIA CIVILIZATÓRIA
Certo
personagem de O Tempo e o Vento, livro de Érico Veríssimo, declara sobre
as incertezas do mundo — mundo velho sem porteira!
Será
que não vivemos isto hoje nesse estranho mundo — um mundo, um novo mundo sem porteira?
Nós
que já ultrapassamos a barreira dos anos, não podemos esquecer daquele nosso
tempo. Ah, sim, meus amigos — como
era verde o meu vale. Aliás, foi o título de um bom filme aí pelos idos de
1940.
Ora
pois, pois, como dirá nossos bons lusitanos — mas aquele cientista lá do
iluminismo não disse alto e bom som “
caminhai sempre para frente e a confiança vos acompanhará”?. Só uma coisa,
nosso iluminista esquece que nós, nos tempos atuais, perdemos a confiança,
trocamo-la pela desesperança, a ignorância.
Por
essas e outras é que nosso mundo que, dito agora futuro, está se tornando uma
verdadeira “ esbórnia civilizatória”. Sabem por que? Porque o ser humano de há
muito perdeu ou vem perdendo a tramontana. As pessoas parecem ter perdido o
tino de viver. Isto é, degringolou de vez.
Há
certas coisas nesse suposto Mundo Novo que uma pessoa de cabeça boa não entende.
Ou então estamos regredindo, a despeito de toda essa parafernália que nos
envolve, os trambolhos tecnológicos de que nos utilizamos para trabalhar, viver
e solucionar os problemas da vida. É isso que apelidamos de progresso? — a
ilicitude, o desvairo, o capcioso da média, a falta de gosto, enfim essa
verdadeira fobia que assola como fogo nas atitudes das pessoas, a insensatez de
espíritos, espécie de loucura viral que atinge o mundo, a ignorância grassa que
já ultrapassa a glosa sartriana de “viver por viver”?
Para
sermos mais precisos, ousamos elencar alguns absurdos a ocorrerem hoje, nos
tempos em que vivemos — coisas e fatos que nunca em sã consciência pudessem
ocorrer.
Segundo
laive (neologismo criado na internet para
dizer apresentação) do Prof. Pierluigi Piazzi, inclusive já falecido —
as pessoas inteligentes estão desaparecendo — declarou apoiado em dados
estatísticos que “metade da população dos brasileiros tem a mentalidade de um
macaco!”
Na
apresentação recente das Olimpíadas de 2.024, em Paris — veja só o absurdo que
aconteceu: a tal da famosa apresentação, que não foi feita em estádios, mas no
centro de Paris, em holograma (técnica moderníssima da IA), isto é, postas no
ar figuras representativas da história da França, e do mundo, com figuras relevantes da arte e cultura, uma
delas expondo nada menos a Ceia de Jesus com seus discípulos, não do Mestre,
mas em seu lugar o deus pagão Baco representando Jesus.
Tirante
o sentido alegórico da chiste, é claro que o fato tinha por objetivo atingir o
cristianismo, desmoralizando a última Ceia de Jesus, apesar de se tratar, como
sabemos, de uma pintura célebre, inclusive constante do acervo pictórico do
Vaticano. A brincadeira desrespeitosa viralizou na internet, foi um aleive, uma
indignidade. Imaginem se fizessem isso com a figura de Maomé, a repercussão
seria um banho de sangue — aliás como já ocorreu no passado recente, inclusive
em Paris. Observe-se a grita que foi do lado dos cristãos, naturalmente, porque
a galera dos materialistas e esquerdistas de certo adoraram.
E
tudo ficou como dantes na casa de Abrantes. O tal Comitê Olímpico não se
justificou. Macron só fez cair algumas lágrimas à guisa de desaponto.
E
assim caminha a humanidade — com que propósito senão deslustrar a civilização
que parece se destinar à destruição, ao niilismo total. Quanto a nós pobres
mortais, como ficamos, perdemos a esperança de alcançar um Mundo Melhor, mesmo
o possível de Leibniz, nós que ainda acreditamos nos valores crísticos e
queremos transmiti-los a nossos filhos, netos e bisnetos — como ficamos?
É
a pergunta que brada aos céus e dos túmulos
inauditos de nossos grandes sábios ouviremos ressoar diante de tanto
descaso, ignomínia, desamor e impiedade.
Que
cesse tudo, enquanto a Musa canta que um brado mais alto se alevanta — é o Criador pedindo as contas à criatura
desobediente desumanizada.
Bsb,
31.07.24