segunda-feira, 1 de julho de 2019

                     SÃO  LUÍS - A REALIDADE
                    E  O  MITO
















       Todas as vezes que visitamos São Luís — cidade natalina de minha esposa — deparamo-nos, por vezes, com surpresas inauditas. Uma delas ocorreu na Feira do Livro, a que comparecemos certa feita, atendendo a convite dos jornais. Evento marcado para 19 horas no espaço Reviver no Centro Histórico da Praia Grande, sem qualquer explicação o horário foi descumprido, o público que ali acorrera e ocupara todo o recinto, deixado à deriva — e pior, sob calor escaldante. Enquanto isso os supostos organizadores, sem se importarem com a assistência, transitavam displicentemente pelo recinto. A essa altura, depois de uma espera de mais uma hora, vimos turistas, certamente interessados em livros, como nós, debandarem de seus assentos no improvisado anfiteatro, decepcionados com tanta displicência — o que também o fizemos, logo depois.
Nesta oportunidade, felizmente a surpresa não nos foi de todo decepcionante. A verdade é que aportávamos com o interesse de comprovar as badaladas reformas empreendidas pelo atual Governo maranhense, ou seja, o Largo da Biblioteca Pública Benedito Leite, a Praça Deodoro e as obras ainda em conclusão da Rua Grande, ex-Oswaldo Cruz.
É sobre tais fatos que queremos fazer algumas observações, à guisa de reflexão pessoal, nada cominativa. Quanto às reformas, nada contra, haja vista que necessárias e não há negar oportunas, considerando o panorama anterior, onde vicejavam, com a devida licença, a sujeira e o desvario, trazendo absoluto desconforto aos turistas visitantes. O que se presenciava era o estardalhaço dos camelôs, encarapitados em suas barracas a atenderem clientela em tropel, enquanto o turista, desavisado, assistia a graveolência impregnando o local.
Sobre as reformas, tanto do Largo da Biblioteca quanto da Praça Deodoro, corretas que sejam no seu aspecto funcional e de ludicidade, temos para nós outros que elas nada têm de colonial ou históricas, em estilo e formato. Assim, destoam do teor de historicidade prevalente no Tombamento Patrimonial da Humanidade, ou, em outras palavras, as obras empreendidas quebram o paradigma histórico fundante do citado Tombamento. Já as obras da Rua Grande — a principal artéria da Capital — preocupou-nos não a reforma em si, sem dúvida imperiosa, mas a forma como voltou a ser ocupada, uma multidão a percorrer-lhe o ladrilho, poluindo-a, como dantes, numa verdadeira massificação coletiva, dando à via pública, não aspecto de grandeza como soe ocorrer às grandes capitais, mas de uma simples viela interiorana, repleta de utensílios expostos. E como não bastasse, tivemos o desprazer de flagrar numa casa comercial, logo após a Viração, cuja frontispício — pasmem — estava decorado nada menos que com maletas! Uma coisa realmente deplorável, espécie de crime de lesa via ou lesa vista, atentatórios ao bom gosto e à eticidade.
Quantas vezes, estudantes, vindos do Liceu, Campo do Ourique, eu e alguns colegas, não percorremos a velha, mas saborosa Rua Grande, a apreciarmos a paisagem das casas comerciais, alinhadas, livres de quaisquer coisas que lhes tolhessem o visual, sem entulhos, tabuletas ou artigos fora de suas prateleiras, a par dos viandantes que a coloriam com suas passagens!
Era um deleite subir ou descer a rua Grande, embora maior o fosse utilizar os bondinhos como transporte — desfrute, hoje, perdidos na poeira do tempo.
Não somos absolutamente contra as novas reformas adotadas para a vetusta Cidade, supostamente fundada pelos franceses em 1612, como reza a historiografia oficial. Somos contra, sim, ao tombamento a que a cidade foi submetida. A razão é simples: se por um lado o ato enaltece a Cidade integrando-a ao Patrimônio da Humanidade, por outro paralisa o seu andamento, elimina sua modernidade, impedia-a de crescer e florescer, como desfrute turístico — este, sim, o tour-de-force que alavanca qualquer cidade que almeje ser alvo da concupiscência exterior e fonte de arrecadação de recursos.
E tem mais. Se a mídia diária se compraz tanto em alardear a revitalização, apoiada em fontes oficiais, à conta do Patrimônio da Humanidade, seria de indagar: por que esses mandantes superiores escamoteiam certos fatos da história maranhense, a ponto de não fazerem constar do Panteon do Largo da Biblioteca os bustos, por exemplo, de Gonçalves Dias e Humberto de Campos, dentre as figuras antigas e modernas, vultos também ilustres, como Lago Burnett, Ferreira Gullar, José Louzeiro e mais ligados à cultura da terra, os recentemente falecidos Nauro Machado, Mário Martins Meirelles e Jomar Morais?  E por que não os padres João Mohana e Jocy Neves Rodrigues?
Segundo O Imparcial — periódico que nada tem de equânime — apregoa a quatro ventos que o Governo pretende aplicar, através do projeto Nosso Centro, cerca 140 milhões, para reconstruir três mil imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico Estadual , todos, pelo visto e facilmente encontradiços,  em estado de total e completa ruína. Há cerca de um ano, o custo de reconstrução de um prédio situado perto da Praça de Benedito Leite, segundo constava da placa no local, estava orçado em R$500.000,00. Ora, num cálculo rápido; 3 mil imóveis atingiria a cifra astronômica de R$ 1 bilhão e meio! Certamente o Estado iria à falência, em prejuízo da demanda de recursos para educação e infraestrutura. Observe-se que, segundo o IBGE, ligado ao PNAD, em 2017, o Maranhão possuía mais de 851 mil analfabetos, à frente apenas do estado de Alagoas.
Temos, em razão disso, que o melhor alvitre para o Maranhão seria empreender, até mesmo com urgência, o desbloqueio desse famigerado tombamento, na verdade uma grande falácia. Contribui, isto sim, para a paralisia da Cidade, embargando seu natural desenvolvimento. Compare-se com Brasília,  cujo Plano Piloto colocou a Capital Federal  numa verdadeira camisa-de-força, enquanto a periferia, as cidades satélites, prolifera, amontoando pessoas, a maioria migrantes, com mazelas e necessidades a crescerem vultuosamente.
Devido tal circunstância, só temos de lastimar a cidade gonçalvina — decantada em prosa e verso por seus melhores cultores, o maior deles talvez o autor da prosaica Canção do Exílio, sem falar de outros luminares, cientistas, poetas e escritores, que também  iluminaram o Maranhão, não lhe sendo atoa o famoso epíteto de Atenas Brasileira.
É o que temos a dizer, após nossa mais recente visita turística a  São Luís — cidade que nada mais é do que a representação moderna da vetusta vila de Nossa Senhora de Nazaré, sob o mítico disfarce de cidade francesa.

CDL/Bsb, 02.07.10

sábado, 25 de maio de 2019





A INSUSTENTÁVEL DUBIEDADE DO SER









Enquanto Milan Kundera pontifica sua Insustentável Leveza do Ser, elucubramos nós sobre A Insustentável Dubiedade do Ser, isto é, quão frágil pode se tornar o caráter humano.
Desde Platão,  sobrando para seu maior discípulo Aristóteles, que o tema tem sido objeto de reflexão. Platão ao criar a paródia da caverna para explicar o irrealismo do ser humano, preso nas sombras de suas próprias mentes, enquanto Aristóteles, sem desdizer o Mestre, se posiciona a favor da vitalidade do ser humano, como alma e espírito.
Tais parâmetros, à égide da filosofia realista platônica e do  bom senso aristotélico, na verdade não têm freado os desacertos cometidos pelo ser humano  na suposta caminhada evolucionária na direção do nada darwiniano. Pelo contrário, negando sua origem espiritual o homo sapiens parece se apartar mais e mais da sapiência original para se comportar como um humanoide, desprezando a ética e os valores da sapiência moral. É como se presencia o comportamento de algumas pessoas, que acaba por se apresentar com duas  caras, justificando a teoria das máscaras, as personas da tragédia grega.
Como lidar com essa duplicidade cênica, talvez seja esse o tour-de force de muitos filosóficos éticos, Emmanuel Levinas (1906-95), por exemplo, ao condicionar o humanismo perfeito ao acolhimento do outro, na sua visão crística do ser. De resto é problemático o convívio com esses portadores da máscara pirandélica, enleados em suas visões pessoais múltiplas e egocêntricas — sabe-se lá resquícios dos  genes egoístas, segundo as alucinações científicas do neurobiólogo ateu Richard Dawkins. Ou apenas faz-se representar a si mesmo nas diferentes personagens pirandélicas no grande palco da vida?
Insuscetíveis à crítica por assumirem a própria crítica, pessoas desse jaez, se encerram em suas próprias redomas de vidro e se comprazem em fazer invectivas, quem sabe a esconder dos outros o mal secreto  que o atormenta — aliás, objeto do célebre soneto do poeta maranhense Raimundo Correia (1859-1911), de que extraímos o primeiro verso e último terceto, ambos esclarecedores:
“Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse.”
...................................................

“Quanto gente que ri, talvez existe,
Cuja única ventura consiste
Em parecer aos outros venturosa”.

“...Ora, direis ouvir estrelas”, se o próprio parnasiano Olavo Bilac ouvia  estrelas, para compreender o inefável, por que nós, humílimas criaturas, que somos pó e ao pó reverteremos na visão eclesiástica, não podemos conviver com as diferenças de nosso próximo, quando o próprio Mestre, inocente, foi traído e abandonado pelo mundo?

CDL/Bsb, 25.05.19






sexta-feira, 3 de maio de 2019




JORNALISMO SERVILHANO :

UMA VISÃO PÓS-SEMANA SANTA



Do que vimos e experimentamos em viagem ao exterior, dentre outros aspectos, boa impressão nos causou as  matérias diárias dos jornais locais. O noticioso Diário de Servilla, por exemplo, no dia 22.04.19, após a Semana Santa, nos brindou com abordagens interessantes, sobretudo comentários inteligentes. Enquanto isso o jornalismo brasileiro muito de ressente quando troca a informação escorreita pelo rés do chão cru e cruel do veracismo. E, como sabemos, o que sai perdendo é a cultura, quando se lhe retira a essência da informação.
Apenas como exemplário, colhemos algumas matérias tratadas na edição 22.04.19. Alberto Gonzalez Troyano, em sua crônica sobre Livros, assinala o fato de, após o funesto incêndio da Catedral de Notre Dame, em Paris, ocorrido dias antes, as pessoas se voltarem para a magna obra de Victor Hugo -  O Corcunda de Notre Dame, como espécie de consolo. Diz o autor: “E agora, de novo, sua leitura tem levantado o ânimo de um povo (tradução nossa livre). Depois, ironiza que os políticos, naquele momento, em campanha esqueçam assuntos da Semana Santa, pois o mundo da cultura, para eles,  foi diluído, não se trata de questão prioritária.  Luis Sanchez-Moliní, com o título Spanish Tradition alerta que na tradição espanhola “há um barroco andaluz ascético e meditativo que pouco tem a ver o que se vende nas redes sociais” — prevenindo, portanto, para o mercenarismo religioso. Na sessão Opinião, Javier Gonzalez-Cotta opina sobre livro recém-lançado El Invento de Jesús de Nazaret, o autor Fernando Bermejo Rúbio. O livro trata da polêmica endêmica entre a pessoa de um Jesus autêntico, isto é, o taumaturgo exposto nos Evangelhos, ou simplesmente personagem mítica, oculta nos textos sagrados, menos revelável pela investigação  e mais pela imaginação dos crentes. Segundo o cronista, o autor vai mais além dessa  verdade plausível e do cenário da Paixão, para apresentá-Lo como  um fundamento de fé.
Na edição de 23.04.19, o mesmo jornal traz matéria bastante atual, até mesma abordando a tecnologia, com reportagem sobre autora uruguaia de 95 anos, Ida Vitale, que ganhou o Prêmio Cervantes, com sua obra despojada e misteriosa, onde trata “de temas como o deslumbramento ante a natureza e a função da linguagem” — tudo isso transcrito em seus poemas. Segundo o jornal, a poetisa poematiza a conexão da poesia com a natureza com o alerta de que em seus envolvimentos “um breve erro, torna-as ornamentais”, prevenindo o perigo que pode conter as palavras. Outro comentarista, Pablo Bujalance,   com seu artigo “Público y Laico”, ironiza a disputa entre o que é laico, público e sagrado, quando os partidários do laicismo, ao seu juízo,  voltam a condenar a excessiva ocupação das manifestações religiosas no espaço público dos últimos dias da Semana Santa. Assinala que a Espanha não é um estado laico, mas confessional, sendo permitido democraticamente que todas as manifestações culturais se realizem, inclusive no espaço público. E finaliza, sabiamente: “Eliminar das ruas a dimensão transcendente do ser humano faria das cidades lugares menos humanos.”
Oxalá nossos jornais, TVs e toda nossa parafernália de comunicação nos ensejassem, em seus veículos, informações desse jaez cultural, com juízos mais bem elaborados, veiculados em linguagem menos vexatória, conceitos e pensamentos à altura de um jornalismo de escol, realmente informativo e não essa enxurrada de fatos e intrigas políticas de baixo nível, com que nos defrontamos diariamente,  às vezes até atentatórios à Moral e aos bons costumes da vida em sociedade.
CDL/Bsb, 4.05.19

segunda-feira, 8 de abril de 2019


ENGENHARIA DA SANTIDADE:

OS  GUARDIÕES  DA  FÉ








A humanidade tem se desenvolvido a olhos vistos em todos os setores. Desde os primórdios da civilização, do protótipo hominídio Homo Erectus, tramitando pelo Aferensis, a proto-tecnia do Habilis e o pré-humano Neanderthal, num crescendo espetacular, que o ser humano vem evoluindo em graduação, até alcançar a de Sapiens Sapiens — que significa o suprassumo da sapiência.
O ponto alto dessa ascensão, asseguram os especialistas etnólogos, encontra-se sem dúvida no avanço da Ciência e de sua auxiliar primordial, a Técnica, a tecnologia, responsável pela materialização de suas inúmeras invenções.
A contrapartida, isto é, a ascensão espiritual do ser humano não tem acompanhado essa vertiginosa euforia da matéria, pelo menos naquela perspectiva evangélica de que nem só de pão vive o homem.
Mas, neste cenário, qual o papel do cristianismo, sua função transformadora teria diminuído,  a ponto de sua influência desaparecer diante dessa espécie de (des) conversão do ser humano? Em outras palavras, teria perdido a disputa com o tour-de-force do materialismo, diante da toda poderosa Ciência, alavancada pela teoria evolucionista da qual se originaram os ismos  depredadores da espiritualidade — o marxismo, o positivismo, o estruturalismo, o desconstrutivismo? Essas as correntes que têm dominado o que hoje se intitula de  modernidade ou pós-modernidade.
Terá sido culpa da religião, melhor,  negligência dos próprios devotos, que, em vez de crescerem na efervescência do fogo criador evangélico, sua fé delinquiu-se diante da onda cada vez mais crescente do agnosticismo e materialismo no mundo?
É nessa conjuntura, atualíssima por sinal, que surge como contraponto nova corrente renovadora do cristianismo. Porta-vozes autênticos têm apresentado o que acreditam seja a providência mais urgente capaz de combater, inclusive arrefecer o irracionalismo materialista,  dentro das próprias hostes católicas, gerando espécie de des-sobrenaturalização da Igreja. Eis a nomenclatura criada pelo Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Paróquia Várzea de Campo Grande, Mato Grosso, em suas já famosas preleções on line.
Segundo ele, devido as transformações feitas pelo Papa Paulo VI, a Igreja passou a ser mais naturalista, desviando-se, portanto, da espiritualidade — o que acarreta a des-sobrenaturalização da Igreja.
Com veemência e oportunismo incomuns, o Pe. Paulo Ricardo alerta para a leniência da fé católica nos seus dogmas e preceitos mais importantes, notadamente a Missa e a Confissão.
Ora, a fé católica com toda sua vigência de dois milênios se enraíza na sobrenaturalidade, seja na pessoa icônica de Jesus Cristo, seu fundador, seja pela hagiografia e o martirológio de seus inúmeros santos e mártires, marcados pela devoção e obediência aos fundamentos crísticos.
O congelamento da fé, o esmorecimento do cristão perante os apelos do mundo moderno só pode resultar no enfraquecimento da fé — é o que Pe. Paulo Ricardo qualifica fator de desobrenaturalização da Igreja. A receita seria recorrer à Engenharia da Santidade, isto é, na sua terminologia o cristão renovar-se a si próprio e manter-se sempre em estado de graça.
Oxalá as advertências do valoroso pároco ousem encontrar apoio dos católicos brasileiros e ecoem no mundo todo junto às hostes cristãs. Que o fogo criador se renove na intimidade de cada criatura devota. Quem sabe o mundo não melhore e nós, seres suscetíveis às intempéries materiais, assumamos uma nova linhagem de Homo Sapiens, muito mais que Sapiens — Engenheiros da Santidade

CDL/Bsb, 8.04.19 




sábado, 23 de março de 2019




      MÍDIA  AÉTICA : COMPULSÃO 
            OU AFASIA MENTAL?









Cada vez mais a mídia brasileira vem se comportando de forma esdrúxula, inadequada no que se refere à atitude de alguns de seus jornalistas, em especial a equipe da Rede Globo de Televisão. Impressionante como esses profissionais hodiernos demonstram desconhecer o verdadeiro papel da comunicação, a função que lhe é reservada como fonte e  formação no processo civilizatório. Faltam-lhes, sobretudo, reserva, ética, respeito e cabal conhecimento das matérias, itens ou assuntos abordáveis nas suas entrevistas, reportagens, enquetes ou reflexões.
E o que se nos afigura mais deprimente: os agentes dessa mídia são falhos, impertinentes, deselegantes e invasivos em abordagens e entrevistas, ao vivo e comentários escritos. Dai as entrevistas, comandadas por esses jornalistas, ao invés de instruírem ou esclarecerem os espectadores, ao contrário, deslustram   os verdadeiros objetivos da informação, atentam contra as ideias, com que prejudicam a razoabilidade da  mensagem.
Foi o que aconteceu com a entrevista a que assistimos no canal youtube no dia 3, do corrente, no Jornal da Globo, com a sra. Damares Alves, titular do Ministério da Mulher e dos Direitos da Família e dos  Direitos Humanos, no Governo Bolsonaro.
O que assistimos não foi uma troca de informações, digamos, de alto nível como seria de esperar, compatível à seriedade de um canal de comunicação, senão um tropel de perguntas aleivosas, rasteiras ideológicas e idiossincrasias endêmicas da parte dos entrevistadores, com o único propósito, não de colher respostas corretas e verdadeiras, mas — isto sim —  desmoralizar a entrevistada, constrangê-la, o que no linguajar chulo se conhece como casca de banana.
Verdade se diga que, diante das veladas invectivas, a sra. Damares se portou à altura de seus méritos acadêmicos, não  deixando, em nenhum momento, se enxovalhar com as perguntas sibilinas, algumas até de forma desrespeitosa, como a de repente feita pelo sr. Merval Pereira, renomado jornalista, inclusive membro da Academia Brasileira de Letras, quando insinuou que a Ministra devia conter as palavras em suas declarações  anteriores, para não confundir as pessoas. Na verdade, uma recriminação sibilina, totalmente aética e descabida, senão para colocar a Ministra em saia curta.
A entrevista mais parecia uma audiência inquisitória, às vezes declinando para o ridículo. O mesmo jornalista acadêmico pergunta à Ministra se sua pasta vai defender os direitos humanos ou os humanos direitos  (ironia para se referir que a defesa seria dos humanos da direita). O sr. Gerson Camarotti ingenuamente indaga  o que, para a Ministra, significa  direitos humanos, enquanto a repórter especializada nos bastidores do Congresso se sai com essa pérola: sabendo que a sra. é evangélica, pastora da Igreja Batista, não seria um abuso colocar o tema religião em pautas políticas, se o estado é laico?
Incrível a repórter da Globo não sabe o que significa estado laico, confundindo laicidade com ateísmo!
Mantendo-se sempre altiva, com respostas coerentes, palavras educadas e sem tergiversar em meio   ao  aluvião de sandices que lhe assestavam, ora por um, ora por outro entrevistador, a Ministra respondia, como se expendesse sobre temática colegial, ensinando um tropel de estudantes primários de pensamentos.
E foi essa a armadilha que os asseclas midiáticos da Rede Globo prepararam para a Ministra Damares naquela inútil entrevista. E o que nós, espectadores, assistimos foi uma Mestra dando aula a alunos estouvados, vazios de ideias, desatentos quanto ao verdadeiro objetivo de um encontro jornalístico — todos atrelados, como robôs, aos interesses subterrâneos de seus patrões. 
Nessa entrevista — como em todas a que tivemos o desprazer de assistir — a equipe de jornalistas da Rede Globo jogou no esgoto da ignorância os princípios mínimos, nem por isso clássicos, da Ètica da Comunicação, denegrindo o mérito do autêntico jornalismo brasileiro.
 CDL/Bsb                                                              Bsb, 23.03.19



segunda-feira, 11 de março de 2019


A  MÍDIA, O MUNDO E O VALOR DA VIDA








O mundo como “aldeia global” idealizada por Marshal McLuhan vem cada vez mais se tornando uma faca de dois gumes. Em vez de melhorarem em suas relações, compreensão e inteligência emocional, as pessoas tornam-se confusas, compreendem-se cada vez menos, sem falar que adotam comportamentos excêntricos, motivações impulsivas que quase ou nada contribuem para a melhoria da vida, o relacionamento solidário entre elas.
De sua parte, a mídia, que se investe  de sinal linguístico de comunicação entre os viventes, se omite ou,  o que é pior transmite o signo errado, contribuindo para a confundir as pessoas, mal informá-las, como se não lhe pesasse a missão de ser o canal pelo qual os povos se aglutinam  através da linguagem, símbolo por excelência do verdadeiro entendimento humano.
É justamente o que soe ocorrer em nosso País,  no atual momento,  e, para ser mais preciso, em matéria de política. Exemplo contundente desse imbróglio midiático tem ocorrido nesse período inicial do Governo Bolsonaro, titular da República por larga margem de votos.  Fato que a esquerda militante ou caviar teima em não aceitar, por debilidade mental ou estratégia ideológica. Ou tentam satisfazer parceiros intelectuais, prestando serviços aqueles ricaços mercenários que se fantasiam de super humanitários para transviar a face do mundo?
Nesses poucos dias o jornal paulistano Estado de São Paulo — outrora tão acreditado — dignou-se publicar conversa de repórter de suas fileiras feita com um americano chamado Alex MacAllistar, interessado em política brasileira, na qual Constância Rezende, baseada em entrevista de jornalista francês, publicada pelo The Washington Time, deu  a entender que faria ações no sentido de arruinar Bolsonaro. A Folha de São Paulo logo se aproveitou para tirar sua casquinha também, publicando a matéria como furo jornalístico, através de sua repórter Fernanda Sales. Foi a conta para o engodo se espalhar pelas redes sociais, proliferando um festival de cobras e lagartos sobre o assunto.
O site Terça Livre, através de seu porta-voz Allan dos Santos, levantou a lebre, alegou que o Estadão usou de mentira, falseou os fatos, acompanhando informação leviana de certas agências internacionais a serviço da Máfia do Globalismo ideológico, comandada por George Soros, Fundação Ford e quejandos.
É assim, de portas atravessas que vem se comportando a mídia brasileira, ao reboque de certa linhagem da imprensa internacional marrom, alimentada naturalmente pela ideologia socialista, supostamente libertária e democrática.
O que esses sicários da mídia ideológica querem fazer? Sabotar o Governo? Confundir as pessoas, desmoralizar as ações do Governo, atacando o novo Presidente e seus familiares? Onde o patriotismo? Quede a ética jornalística, a moral das pessoas? O ofício da mídia não é informar bem as pessoas? Ou é mistificar, tergiversar, falsear a verdade, mentir?  Será tornar mais atual e pertinente a famosa frase de Voltaire  Mente, mente e alguma coisa ficará!?
Enquanto isso,  passou quase em branco em toda mídia, escrita, falada e televisiva, um fato tão enigmático quanto extremamente triste, apavorante no que tange ao comportamento do ser humano na nossa sociedade super hodierna: uma jovem de apenas 23,  Kelly Catlin, no auge de sua capacidade mental, intelectual e física, pois ciclista, vencedora de prêmios internacionais, inclusive nas Olimpíadas no Brasil, graduada em matemática, computação e língua chinesa — suicidou-se em sua residência. Nem seus familiares sabem o motivo.
A jovem ciclista e matemática  com tanta vitória alcançada no mundo dos êxitos e dos meios científicos não terá se apavorado com essas ilusões, trocando a misericórdia divina por esse ato de loucura?
A mídia, entre nós, fez profundo silêncio.

CDL/Bsb, 11.03.19


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019





COMO  SOFISMAR O INSOFISMÁVEL



A revista VEJA do grupo Civita, desde quando mudou de direção ideológica — segundo afirma o jornalista e filósofo Olavo de Carvalho — vem fazendo oposição sistemática, para não dizer venenosa, à renovação ocorrente no Brasil realizada pelo Governo Bolsonaro. Visceralmente sob a regência da esquerda internacional, a revista que seria cópia da americana LOOK, hoje se transformou numa espécie de barricada na suposta defesa dos direitos humanos, da civilização progressista, da liberdade de expressão (abusiva) e outras pautas que o  marxismo disfarçado encarna ser proprietário absoluto.
Em todas suas edições, a equipe de comentaristas e repórteres se desvelam em atacar, embora subliminarmente, a figura do Presidente Bolsonaro e via de regra tudo que se refere aos fundamentos da filosofia conservadora, liberalismo econômico, economia de mercado, preceitos religiosos, humanismo autêntico, cidadania e outros pleitos que caracterizam a Democracia, sem o viés do igualitarismo ideológico. É uma espécie de paranoia midiática, certamente devido ao fato de o conglomerado Veja, assim como a Rede Globo, se encontrarem sob a mira das rígidas medidas de recuperação do País, mediante devassa corretiva na administração pública, inclusive no sistema de distribuição de verbas publicitárias. A Veja e a Rede Globo vão, assim, perder a achega monetária.
Nesta sua última edição de 6.02.19, salta aos olhos e ao raciocínio lógico, a vilania de que se reveste qualquer assunto abordado pela revista. No item Cultura Livro, ao resenhar o livro do escritor inglês, Michael Oakeshott, A Política da Fé e a Política do Ceticismo, o comentarista Eduardo Wolf aproveita sua verve para extravasar insinuações malévolas, certamente desviando as reflexões do autor, apresentado como conservador.
O sr. Wolf sobre o livro do escritor inglês, que escreveu essa obra em 1950, espelhando uma situação diferente da atual, extrapola a visão do autor, quando enquadra o Governo Bolsonaro como exemplo de Política da Fé, inclusive identificando o ministro da educação, Ricardo Velez Rodrigues,  como atuante de uma “cruzada moral”, em favor da fé, quando declarou que sua preocupação era resgatar “... os valores tradicionais da sociedade (...), da família e da religião que ele, “moralista”, considerava dever do educador.
Ora, então o correto dever do educador seria disseminar ideologias esquerdistas, como fazem os professores regidos pelo PT? Incluir “ideologia do gênero” nos currículos escolares”? Professores, supostamente democratas, desmoralizarem alunos cristãos em sala de aula e boicotarem seus trabalhos, como ocorreu com certa aluna no seu regime de pós-graduação, que teve de processar sua própria coordenadora por perdas e danos?
Mas a maior sandice de que se valeu o comentarista é que ele confunde com Ceticismo, que acredito não o tenha feito o autor do livro em sã consciência. A rigor, não tem nada a ver com política, é matéria da Teologia, portanto, Religião, enquanto o Ceticismo está no âmbito da Filosofia, Doutrinas Filosóficas. A nosso ver, fé como política é um sofisma ideológico, o ceticismo, que também não deve permear a verdadeira política — pelo menos  a aristotélica  — é uma espécie de ideologia que provem das escolas sofistas gregas antissocráticas e foram, por assim dizer,  o germe do ateísmo atual, a partir do Renascimento e dos enciclopedistas franceses (Diderot, Montesquieu, Helvetius, Rousseau etc).
Por outro lado, acredito que o autor do livro também não haja cometido tal engano, o sr. Wolf sobre o chamado “estilo cético” de governo, cita dentre os supostos “céticos”, Blaise Pascal, coisa que não foi, pois apologista cristão.
E para ilustrar a suposta erudição política do autor, o comentarista faz brilhante defesa da “recente experiência brasileira”, o governo petista, que teria sido capaz de promover o “... grande plano de nossa salvação pela fé progressista.” Enquanto no “...outro extremo ideológico, o governo Bolsonaro adota a mesma linguagem — e atitude — da política da fé.
Ora, tenha santa paciência, não confundamos alhos com bugalhos e sejamos claros para não cair nessa armadilha esquerdista, a deste sicário da Veja. Governar uma nação é gerir todas as suas demandas, atender às necessidades da Nação, com regras definidas, sob a égide do Direito e da Legislação Vigente, a Carta Magna, tendo por objetivo único o bem comum — governo laico ao estilo cético ou moralista não foge à regra. Se não está “... a serviço da perfeição da humanidade”, como satiriza o resenhista, é obrigação, ponto de honra de um governante sério e patriota, fazer o possível para engrandecer sua Pátria e não extorqui-la como fez, durante catorze anos, a caterva amoral do PT.
CDL/BSB, 7.02.19